Publicado às 06h52 deste domingo (27)

Por João Luckwu, poeta e escritor serra-talhadense

O Momento Poético de hoje traz a nordestinidade sertaneja dos versos do poeta, escritor, cantor e compositor Maciel Melo, considerado atualmente como um dos maiores poetas populares da atualidade.

Nascido em 26 de maio de 1962, na pequena cidade de Iguaraci no Sertão do Pajeú, região conhecida como berço da poesia popular e reduto de poetas e repentistas, como Rogaciano Leite, Antônio Marinho, Sebastião Dias, os irmãos Dimas, Otacílio e Lourival Batista, dentre outros.

Maciel despertou seus dotes musicais ainda criança, quando era conhecido como o “Neguinho de Heleno”. O pai, Heleno Louro era um tocador de sanfona e desde cedo ensinou-lhe os primeiros passos do forró pé-de-serra.

Considerado por muitos como herdeiro da musicalidade do mestre Luiz Gonzaga, aos vinte anos de idade Maciel inicia sua trajetória musical e no ano de 1990 lançou seu primeiro disco intitulado Desafio das Léguas com participações de Vital Farias, Xangai, Dominguinhos e Dércio Marques. Posteriormente foram lançados na sequência Alegria de Nós Dois (1995), Janelas (1996), Retinas (1997), Jeito Maroto (1998), Sina de Cantador (1999), Isso Vale Um Abraço (2000), Dê Cá um Cheiro (2003), Nascente (2006), Sem Ouro e Sem Mágoa (2009), Debaixo do Meu Chapéu (2010), Minha Metade (2012),A Poeira e Estrada (2013) e Perfume de Carnaval (2015).

Canções como Que Nem Vem-vem, Dama de Ouro, Isso Vale um Abraço, O Solado da Chinela, Jeito Maroto, A Poeira e a Estrada, Desassossego, Sina de Cantador, Retinas, Rainha e Janelas, dentre tantas, marcaram sua trajetória, porém foi com a canção Caboclo Sonhador, também gravada por Flávio José e Fagner, que Maciel Melo ascendeu no cenário nacional. Esta canção é considerada um clássico da música nordestina e definida pelo próprio como uma espécie de carta musicada que escreveu para a família quando residia em São Paulo. Ela traz uma essência da mistura de profissão de fé e valores culturais nordestinos.

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Maciel Melo sempre se destacou pela nordestinidade sertaneja e melodias habilidosas associadas a uma temática crítica social, porém sem perder a ternura musical, conforme se pode observar nas letras das canções “Meninos do Sertão” e “Pingo D’água”. Com mais de trinta anos de estrada musical, Maciel possui diversas canções gravadas por artistas renomados como Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Fagner, Quinteto Violado, Flávio José, Sivuca, Marinês, Petrúcio Amorim, Xangai, Chico César, Amelinha e Renato Teixeira, dentre outros.

Maciel também marcou seu nome no contexto artístico musical nacional com participações nas trilhas sonoras do filme Lisbela e o Prisioneiro, com a canção Dama de Ouro, e na novela Flor do Caribe, com a canção Rainha, além de figurar como ator no elenco da novela Velho Chico. Orgulhosa do filho ilustre, Iguaraci, sua terra natal, afixou uma placa na entrada da cidade com os dizeres: “Esta é a terra de Maciel Melo”.

Com o mote “Maciel um caboclo sonhador que do sonho se fez realidade” escrevi esta singela homenagem a este grande poeta descrevendo sua biografia em versos.

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Dos rincões da pequena Iguaraci

Veio ao mundo o “Neguinho de Heleno”

Despertando na arte inda pequeno

Um talento sem par que traz em si

Pelos palcos causando um frenesi

Na viola sobrando intimidade

“Ispaiando” o forró pela cidade

Foi mostrando pro mundo seu valor

MACIEL – um caboclo sonhador

Que do sonho se fez realidade

Por Maria de Lourdes, “A rainha”

Exaltou seu amor sincero e puro

“Mestre Louro” previu no nascituro

Que o sucesso do filho se avizinha

Na canção fez lisonja a “Mega” e “Quinha”

Reforçando seus laços de irmandade

“Pedro Gídio”, no céu, sente saudade

Do seu neto traquino e gozador

MACIEL – um caboclo sonhador

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Que do sonho se fez realidade

Bandoleiro nos tempos de menino

Declamou a poeira e a estrada

Mas sentiu cheiro de terra molhada

Pingo d’água molhou chão nordestino

Nas retinas mirando o seu destino

Num bailado dos olhos a verdade

Com seu jeito maroto a liberdade

Tal e qual gavião peneirador

MACIEL – um caboclo sonhador

Que do sonho se fez realidade

Botou gás no forró de candeeiro

Mas pra dama de ouro disse assim:

Quer cair? caia por cima de mim!

No cangote, feliz, dê cá um cheiro

“Isso vale um abraço companheiro”

Ser poeta é viver pra eternidade

Numa feira de sonhos peito invade

Vai cumprindo uma sina o cantador

MACIEL – um caboclo sonhador

Que do sonho se fez realidade

João Luckwu – Serra Talhada-PE