Solenidade de exposição do curso de arte culinária e confeitaria artística no dia 11 de julho de 1957 em Belmonte, ministrado por Dona Maria Ferreira

Nesta semana, no próximo dia 13, comemoramos o centenário em memória de uma figura que fez história em Serra Talhada e na região pelos seus dotes, principalmente, na arte da culinária. À pedida dos filhas e filhos de Antônio Nogueira (o popular senhor Nogueira) e Dona Aristânia, hoje o Farol homenageia a figura da saudosa Dona Maria Ferreira.

Nascida em 13 de abril de 1921, faria 100 anos nessa terça-feira (13). Dona Maria Ferreira era mestra em confeitaria e culinária e foi professora da matriarca dos Nogueira (Dona Aristânia). Este laço fez brotar entre elas uma forte amizade, pois trabalharam juntas em muitas ocasiões. Esse respeito e apreço acabou se estendendo aos herdeiros e perdura até hoje.

Dona Maria Ferreira foi uma mulher aguerrida. Naquela época já empreendia ao enfrentar desafios e adversidades. Ela era filha de Luiz Ferreira da Silva e Elvira Gomes, sendo ele comerciante e ela costureira em Serra Talhada, sua primogênita, no entanto nasceu em Nossa Senhora do Ó – PE (atual Ipojuca – litoral pernambucano), pois se mudaram para lá, durante a gestação.

FASE CRÍTICA

Logo após seu nascimento, os pais retornam para Serra Talhada. Aqui, Dona Maria Ferreira foi educada como uma jovem de classe média. Maria, muito religiosa, foi uma das organizadoras da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, na Paróquia de Nossa Senhora da Penha, fazendo parte, também do Coral e da Ordem das Filhas de Maria, ainda solteira.

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Aos 19 anos, Dona Maria Ferreira aceitou o pedido de casamento do serra-talhadense e comerciante Luiz Barbosa da Silva. Desta união nasceram 8 filhos. Passado alguns anos de harmonia e bonança, surgiu a fase mais crítica da vida de Maria Ferreira. Seu marido lhe abandonou deixando-a com sete filhos, um havia falecido recém-nascido. O mais velho tinha 12 anos de idade e ela estava grávida. Este fato trágico não a abalou.

ESCOLA DE CULINÁRIA

Rodeada de talentos, principalmente o da culinária e confeitaria, tomou a iniciativa de montar uma escola de culinária com o intuito de ensinar essa arte para outras mulheres. Passou a ser muito solicitada em cidades vizinhas para cursos de confeitaria e bolos de festas. Além das aulas de culinária, vendia confecções e tecidos. Se tornou uma mulher à frente do seu tempo.

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Durante os cursos de confeitaria que Maria Ferreira ministrava nas cidades vizinhas, era de costume premiar a aluna que produzisse o bolo mais criativo. Houve uma premiação que ficou na história e até hoje é lembrada, inclusive nas redes sociais do escritor Valdir José Nogueira do município de São José do Belmonte. A mãe dele, conhecida como Dona Aliete, foi a vencedora do prêmio da solenidade de exposição do curso de arte culinária e confeitaria artística no dia 11 de julho de 1957 em Belmonte com o tema do bolo ”Moinho Holandês.”

EMPREENDEDORISMO

Muito habilidosa e vendo o crescimento de Serra Talhada, montou um instituto de beleza em casa, para suas filhas conduzirem os trabalhos, nesta época, sua filha Maria de Lourdes (Dinha Ferreira) tinha apenas 10 anos de idade. Daí em diante, dona Maria Ferreira administrava seus negócios com a ajuda dos filhos. Mesmo com tantos afazeres, viagens de trabalho, cuidados com os filhos, não deixou de ajudar os necessitados, visitava doentes, pessoas mais carentes e atendia sempre com um sorriso no rosto quem a procurasse.

Quando sua mãe faleceu, ela ajudou seu pai na criação dos irmãos mais novos. Maria Ferreira sempre foi o braço forte da família, alguém que realmente fazia a diferença, independente da situação, era amparo, palavra certa, afeto, sorriso, sempre arrumava um jeito, era amiga, irmã, mãe daqueles que necessitavam de seus cuidados.

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MORTE TRÁGICA

Dia 7 de dezembro de 1966, aos 44 anos, em uma de suas viagens para Recife, onde seu filho menor, Sebastião Vital, com apenas 11 anos, fazia tratamento de saúde, o carro que conduzia-lhes pegou fogo e mãe e filho morreram de forma trágica.

”Salve, salve a memória desta Maria/mulher de uma trajetória tão marcante e fraterna que foi Dona Maria Ferreira. O céu está em festa pelo seu centenário e aqui na terra amigos e parentes festejam seus feitos grandiosos”,  comemora hoje a família Nogueira homenageando Maria Ferreira pelo grande legado que deixou.

Dona Maria Ferreira
Solenidade de exposição do curso de arte culinária e confeitaria artística no dia 11 de julho de 1957 em Belmonte. Dona Maria Ferreira no centro da foto e Dona Aristânia Nogueira a última de branco à direita.

 

Dona Aliete, ganhadora do prêmio e o bolo ”Moinho Holandês