Com informações de Alana Costa (do Farol de Notícias)

Centenas de peças de roupas roubadas de, pelo menos, seis barracas localizadas na feira do centro de Serra Talhada, foram encontradas em posse de uma menor de 15 anos na madrugada desta quinta-feira (19). Segundo a Polícia Civil, o arrastão aconteceu por volta de 1h e a suspeita é que outras pessoas estejam envolvidas. Imagens de câmeras de segurança na localidade irão ajudar o trabalho de investigação.

Em conversa com o FAROL, os comerciantes se dizem inseguros e cobram providências da Prefeitura de Serra Talhada para que o governo escale mais guardas municipais com a missão de vigiar o perímetro da feira nas madrugadas. Na ação, as barracas tiveram cordas cortadas à faca e tesoura. Apenas duas pessoas realizavam a vigília no local na noite do crime.

FEIRANTE MOSTRA À REPORTAGEM DO FAROL QUE TEVE AS CORDAS QUE PROTEGIAM O SEU PRODUTO CORTADAS COM FACA E TESOURA

Os feirantes cobram do poder municipal com a justificativa de que o prefeito Luciano Duque baixou, recentemente, uma série de aumentos de impostos que afetou diretamente o bolso da categoria. E, por isso, cobram retorno. Entre as exigências, além de mais guardas, querem que a Prefeitura ilumine o ambiente durante toda à noite.

O FAROL conversou com três das feirantes vítimas do arrastão ocorrido nesta madrugada. Vale a pena escutar o desabafo de cada uma. Confira!

PINGUE-PONGUE

FAROL – Como aconteceu o roubo?

Maria José da Silva – Foi de madrugada, só soube quando cheguei aqui e me disseram. Cortaram as cordas que eu usava para amarrar tudo e levaram minha mercadoria, coisa que ainda estava nos pacotes. Pelo que me disseram, os próprios guardas que ficam aqui viram os ladrões, chamaram a polícia e levaram o que recuperaram para a delegacia. Eu amarro tudo bem apertado e direitinho, mas cortaram. É a segunda vez que me roubam mercadoria. Da primeira vez, levaram pouquinha coisa, agora foi muita roupa. Mas, graças à Deus, consegui recuperar quase tudo; outras colegas não tiveram tanta sorte.

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Selma Nascimento– Não tinha feirante aqui, era madrugada. Só estavam os dois guardas. Ligaram para mim e vim correndo ver o que tinha acontecido, o que tinham levado. Cortaram as cordas, fizeram a maior bagunça! Enquanto tentava dar um jeito na bagunça que deixaram, encontrei duas tesouras e uma faca de mesa. Levaram minha melhor mercadoria! Deixaram tudo bagunçado, roupa molhada, roupa suja de lama, os manequins pelo chão; tiraram até as roupas dos manequins!

Madalena de Souza – Isso foi tarde da noite, não tem feirante por aqui essas horas. Cortaram as cordas e levaram muita coisa. Cheguei aqui e tava uma bagunça enorme! Levaram minhas coisinhas, que a gente se mata todo dia para conseguir vender e ter uma rendinha no fim do mês.

FAROL – As senhoras se sentem seguras para continuar negociando aqui na feira livre?

D. Maria – De jeito nenhum! Mas, não tenho outro meio de viver, isso aqui é meu ganha-pão e fazem uma maldade dessas com quem já tem pouco! A gente paga todas as taxas direitinho, faz de tudo para conseguir o dinheiro e pagar a prefeitura. Mas, ela não faz a parte dela. Cadê a segurança?

D. Selma – Ninguém aqui se sente seguro! Até mesmo que fez essas lojas fechadas tem medo de assalto. Aqui não tem segurança de jeito nenhum! Ainda mais contra ladrão, que quebra cadeado e corta corda com facilidade, nada é difícil para eles. Só ficam dois guardas municipais aqui à noite; dois guardas não podem fazer nada contra um grupo como esse, que faz um arrastão.

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D. Lena – Olhe, segurança aqui ninguém sente. Mas, a gente não tem como fazer outra coisa aqui, por isso continua. Só tenho minha banquinha para viver; e aqui não te proteção nenhuma. A gente trabalha, sofre, faz de tudo para viver com dignidade; então vem um mau-conduta e acaba com aquilo que a gente se esforçou tanto para conseguir. Não tem luz aqui à noite, qualquer um pode entrar e fazer um negócio desses.

FAROL – Quais providências a senhora acha que a Prefeitura poderia tomar para deixar o Pátio da Feira Livre mais seguro?

D. Maria – Tem que colocar mais guarda aqui; dois não vão fazer muita coisa, olhe só o tamanho desse pátio! Eles aumentaram a taxa dos feirantes, estão cobrando e nós estamos pagando. Colocar segurança aqui é o mínimo que devem fazer!

D. Selma – Mais guardas seria muito melhor! Assim poderiam rodar por todo o pátio e vigiar tudo certinho. Antes aqui tinha cachorros, mas disseram que eles morreram e não colocaram mais. Uns dois ou três cachorros valentes também seria bom. E iluminação, claro. Aqui é uma escuridão medonha à noite! Mais guardas, cachorros e luz; seria mais seguro para todo mundo que deixa suas mercadorias aqui.

D. Lena – Colocar mais guardas, com certeza. Aqui a noite só ficam dois, o que eles podem fazer contra um grupo grande de ladrões? É perigoso até para eles mesmos! Uns cachorros como tinham antes também, daqueles bem valentes. Se alguém pulasse a cerca ou mexesse nas coisas, os cachorros iriam latir e assim saberiam de longe que tem gente por aqui. Me diga o que querem no pátio da feira depois de 18h? Não tem feirante aqui! Boa coisa não pode ser… Se colocassem uns cachorros, a gente até ajudava em comprar carne ou ração; todo mundo quer se sentir seguro e faria o que fosse possível por isso. E luz também! Não tem luz aqui à noite. Eu não me importo de pagar a energia, só quero segurança. No claro, com iluminação todo mundo vê o que está acontecendo.

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FAROL – Vocês recuperaram toda a mercadoria roubada?

D. Maria – Graças à Deus recuperei tudo o que me levaram, faltou só poucas peças íntimas. Mas, o resto recuperei. Infelizmente outras colegas não tiveram a mesma sorte que eu.

D. Selma – Recuperei boa parte do que levaram, mas ainda falta coisa. Minha melhor mercadoria… Pouca coisa eu recuperei dela.

D. Lena – Sinto falta de umas 12 calças jeans; mas o resto recuperei, graças à Deus! Levaram blusas, calças, shorts de malha, vestidos… Coisas que eu queria vender para essas festas de fim de ano, mesmo com o movimento fraco. Só espero recuperar o prejuízo daqui um tempo.