Vadevino

O Fórum Juiz Clodoaldo Torres, no centro de Serra Talhada, amanheceu nesta quarta-feira (18) movimentado. Policiais militares do GATI e BEPI ficaram em posições estratégicas para garantir a segurança do cabo Cícero Valdevino da Silva e do sargento Luciano de Souza Soares.

Ambos são acusados pela Polícia Civil e o Ministério Público de fazerem parte de uma milícia que atuou na Capital do Xaxado. Eles estão detidos há mais de um ano no Centro de Educação da Polícia Militar, em Recife, e vieram a Serra Talhada para a segunda audiência sobre o caso e conversaram com a nossa reportagem. Confira!

ENTREVISTA – CABO VALDEVINO DA SILVA

FAROL: Cabo, bom dia. Agradeço por ter aceitado conceder essa entrevista ao FAROL, e a primeira pergunta é sobre a acusação sobre o senhor, de matar 30 pessoas, inclusive oito apenas no ano passado. O DHPP colocou isso como fato no inquérito. Qual a sua versão sobre essas acusações do DHPP um ano após a sua prisão?

VALDEVINO DA SILVA: Bom dia Giovanni, eu agradeço pela oportunidade. Eu fico surpreso e ao mesmo tempo desapontado com tudo. São acusações levianas, são acusações que não existem e eu estou surpreso. Até hoje a minha vida profissional, desde 1992 que eu trabalho na cidade de Serra Talhada, sempre convivo, principalmente na delegacia com várias ocorrências. Nunca fui intimado para que viesse ser acusado de nenhum crime e me achei surpreso depois de todos esses acontecimentos, inclusive depois da morte do vereador Cição. Ser pego de surpresa com uma acusação tão absurda.

Não existe, até agora ninguém provou nada contra a minha pessoa, inclusive o sargento Luciano. E a gente espera que realmente seja feita a Justiça, porque a gente está a um ano recolhido no Centro de Educação da Polícia Militar e até agora ninguém apresentou nenhuma acusação formulada com a participação da gente. Uma hora dizem que a gente participava, dava apoio a um grupo criminoso e até agora não tem nenhuma prova que se faça, que venha justificar essa nossa prisão. Então, a gente está indignado e vamos aguardar o desenrolo de tudo isso.

FAROL: O senhor se sente injustiçado?

VALDEVINO DA SILVA: Rapaz, eu vou dizer a você com sinceridade, muito. Muito injustiçado, um cara que teve uma vida de total dedicação à causa pública. A Polícia Militar para mim é minha vida, eu pessoalmente abracei sempre a minha profissão, tenho orgulho e sempre perguntando como é que um camarada desse, um delegado vir com tamanha, com uma acusação dessa pesada e que não tem indício nenhum para justificar essas ações.

FAROL: Eu gostaria que o senhor comentasse o fato de que Serra Talhada hoje vive um momento de onda de crimes. Somente este ano foram 16 homicídios, antes do senhor ser detido falava-se de uma milícia que atuava na cidade.

Um ano depois de sua prisão, já são 16 mortes, fora furtos, roubos, assaltos e um clima de apreensão e medo no cidadão. Como o senhor vê isso, as mortes não recrudesceram…

VALDEVINO DA SILVA: Rapaz, eu vejo com muita tristeza porque a gente tinha um comprometimento com a causa pública. A gente sempre desempenhou um trabalho em Serra Talhada que nunca… a gente fica em total desespero com tudo isso que está acontecendo na cidade. Nós vendo a violência grande, não só nesse começo de ano, como no ano passado também. Inclusive, vale se frisar que dentro do processo tem acusações que eu já estava no curso de sargento e está lá tamanha acusações.

A gente fica triste, mas a população de Serra Talhada que me conhece e sabe da responsabilidade que a gente tinha na cidade e que a violência não estava. Eu acho que com todas essas acusações desencadeou essa violência que está. Porque realmente a gente tinha um compromisso com a cidade, vivia fazendo abordagem, fazia um trabalho sério e inclusive eu cheguei a ser escolhido como o melhor policial em 2010 e 2011. Tenho uma ficha, graças a Deus, limpa na Polícia Militar dotada de elogios, vários elogios. Só tenho a lamentar com tudo isso.

FAROL: Para finalizar, o senhor tem esperança de ser inocentado destas acusações?

VALDEVINO DA SILVA: Claro, claro que tenho a esperança…, tenho a certeza que a gente vai. A gente está com a consciência tranquila que não praticou nenhum ato que venha denegrir a nossa imagem. Ou seja, a gente sabe que na mídia em si foi jogado o nosso nome de uma forma absurda, mas primeira a gente crê em Deus e na Justiça. A justiça será feita.