Por Manu Silva, professora, militante do Coletivo Fuáh e Movimento Diverso, repórter do Farol de Notícias

Publicado às 04h53 desta sexta-feira (2)

Todos os dias nós mulheres precisamos reafirmar nossos lugares na sociedade. Precisamos reafirmar nossa importância e o mérito por ocupar esses postos. Estamos rapidamente evoluindo da discriminação de gênero, machismo; para a misogenia, ódio às mulheres. Os dados de violência e das instituições da sociedade confirmam.

Nenhum homem jamais precisou defender sua força, só pelo fato de ser homem. Sua competência não é alvo de suspeitas. Seu status é legitimado pelo patriarcado, pelo poderio masculino. Nós mulheres não temos essa credibilidade. Todos os dias precisamos provar que temos habilidade para executar as funções que exercemos.

E mesmo com todo esse poder, os homens ainda buscam centralidade em espaços que poderia, deveriam e necessitariam ser ocupados por mulheres. Para o machismo não é suficiente ser a voz mais ouvida, a instituição com mais credibilidade e com salários mais altos. O machismo faz com que os homens precisem de centralidade.

O machismo faz com que homens acreditem que podem massacrar, humilhar, abusar e agredir mulheres. Machucando até mesmo as que chamam de amor. Quantos casos de violência contra a mulher vocês já leram nesse Farol em sete anos? Inúmeros, né?!

VIOLÊNCIA EM NÚMEROS

Em 2017, foram 373 casos denunciados na Delegacia de Polícia Civil de Serra Talhada. Em 2016 foram 330 casos, assim como em 2015 que também registrou o mesmo número de ocorrências. Já em 2014 foram contabilizados 388 casos e  em 2013 o quantitativo foi de 355 casos.

São 1.446 Boletins de Ocorrência de violência contra a mulher em cinco anos. Achou pouco? Imagina isso no Brasil que 503 mulheres brasileiras são vítimas de agressão física a cada hora. Que mesmo com Lei Maria da Penha e políticas para mulheres, 52% das vítimas de agressão se calam. Apenas 11% delas conseguiram ir a delegacia.

Os dados da pesquisa do Datafolha em 2017 afirmam que em 61% dos casos, o agressor é um conhecido, em 19% deles eram companheiros das vítimas e 43% das agressões ocorrem em suas próprias residências. Ainda segundo a Kering Foundation, a casa 2 segundos, uma garota de menos de 18 anos é forçada a se casar no mundo.

Uma em cada três meninas na faixa etária de 13 a 15 anos sofrem com bullying diariamente. Cerca de 15 milhões de mulheres de 15 a 19 anos já sofreram abuso sexual. E em torno de 9 milhões destas garotas sofreram abuso sexual nos últimos 12 meses.

Ainda é pouco para vocês homens repensarem suas atitudes machistas, né? Isso porque estamos falando só de números de violência. O machismo é cruel nos extremos e nas sutilezas, ao longo do mês da mulher discutiremos aqui outros tipos de violência, relacionamento abusivo, conquista de direitos e mercado de trabalho.