O que era para ser a redenção para desenvolver Serra Talhada, acabou se transformando numa espécie de “gigante adormecido” à espera de um milagre.

A Barragem de Serrinha, na zona rural da Capital do Xaxado, ainda não recebeu a devida atenção nos discursos dos pré-candidatos serratalhadenses. Por enquanto, a obra não possui nenhum projeto estruturador e cerca 311 mihões de metros cúbicos d’agua estão sendo desperdiçados. 

Antes de ser concebida, o projeto era transformar a área num projeto para o agronegócio, para formação de lotes empresariais. Com o avanço do Movimento Sem-Terra (MST) no sertão, a barragem passou a ser mote de reforma agrária e melhoria de vida para centenas de famílias. Na prática, Serrinha não é nada disso. Enquanto políticos empresários se mobiizam em torno da construção do aeroporto e outras obras estruturadoras, a Barragem de Serrinha é um projeto fora de pauta.
 
“Tem muito para se conquistar aqui na área. Mesmo com o cenário de água em abundância não temos praticamente nada”, reclama Ercílio Santos, lider do MST em Serra Talhada. Segundo ele, o projeto de reforma agrária idalizado pelo Instituto de Colonização Rural (INCRA) é um fracaso. “Nem todos possuem casas porque o pocesso é muito  lento. Ainda temos que conviver com a falta de energia elétrica, em pleno século 21″, lamentou.

Já a agricultora Roziane Silva, que reside no Assentamento Virgolino Ferreira, às margensa da barragem, garante que a sensação é de abandono. ” Eles (os politícos) só costumam aparecer em periodo de eleição. Vem trazer promessa e levar votos”, disse a agricultora. Ela também  reclama da qualidade das habitações e dos péssimos serviços prestados pela Celpe. “Não temos condições de irrigar as nossas lavouras com esta energia. A Celpe sequer nos recebe”.
 
A barragem de Serrinha foi inaugurada com muita estardalhaço pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.  Em 1998, o então candidato à presidência da República, Lula da Silva, esteve no local e se declarou surpreso com tanta água sem  qualquer projeto de irrigação. Passados 8 anos da “era Lula”, o cenário é ainda pior. Nestas eleições, não será nenhuma surpresa caso o grande lago, venha a ser, mais uma vez, retórica para fisgar votos.