Giovanni FilhoGiovanni Filho é jornalista profissional e mestrando em comunicação

Durante todo o fim de semana recebemos ligações de candidatos indignados que prestaram a seleção da Secretaria de Saúde de Serra Talhada, no último sábado (20). A maioria reclamou da falta de organização e confiabilidade do processo seletivo para o preenchimento de mais de 300 vagas na área.

Os relatos que chegaram a este colunista dão conta de uma bagunça generalizada dentro das salas onde ocorreram as provas, com candidatos conversando livremente entre si sobre o conteúdo das questões, com alternativas e enunciados confusos e nem sequer a conferência de documentos para a realização do certame.

Pelo vale tudo instalado, corria o risco de qualquer pessoa fazer a prova por um outro candidato e ainda bater um papo sobre a ceia de Natal sem receber qualquer reprimenda. Uma das maiores reclamações foi com relação ao uso de celulares, com gente utilizando a conexão da internet para pesquisar respostas e fazer selfies. A sensação foi de descrédito. Só não filou quem não quis.

De acordo com os relatos, fiscais constantemente se ausentavam dos locais de prova e tudo virara uma imensa feira de secos e molhados, com trocas de afetos e conhecimentos. Alguns candidatos disseram também que o conteúdo da prova não foi direcionado especificamente aos cargos previstos no edital, colocando, numa tábua rasa, conteúdos da classe médica a serem respondidos por dentistas, por exemplo.

No entanto, a maneira esdrúxula que ocorreu esta seleção deve se refletir também no seu resultado. Nesta segunda-feira, publicamos matéria revelando parte do conteúdo da ação processual impetrada pelo Ministério Público na Justiça, orientando pela suspensão parcial da seleção. A peça está em tramitação na 1ª Vara Cívil da capital do xaxado.

A promotoria analisou o caso cuidadosamente e agiu em favor de dezenas de candidatos classificados no último concurso público, realizado em 2013. No processo, assinado pela promotora Evânia Cíntia, o MPPE pede a declaração incidental de inconstitucionalidade da Lei Municipal 239/2014, criado pelo governo Duque e que, segundo a promotoria, abre brechas legais para acionar, irregularmente, um trem de contratados na gestão por tempo indeterminado.

Tudo vem sinalizando para mais uma estratégia de aparelhamento da máquina pública em favor do inchaço da viúva visando as eleições de 2016. Só não vê os cegos, mas o prefeito Duque já está em campanha e vem preparando-se para aglutinar votos de qualquer jeito. Neste âmbito, a estranha anomia administrativa do governo resolve-se geometricamente e de maneira aritmética. Explico: quanto mais contratados do prefeito, melhor a fórmula quadrada de fazer política.