Acordava cedo, às 6 da manhã. Tomava banho e vestia com muito cuidado para não amassar, a farda do Colégio Cornélio Soares. Camisa branca e calça azul. Também nunca me esqueci do sapato Conga. Após tomar uma xícara de café com pão, corria para a concentração do desfile cívico. Era 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil.
Ao lado da escola o clima era um misto de tensão com expectativa. Tensão ao ver o mestre Nogueira na coordenação para tudo dar certo: “Olha o alinhamento sinhô. Baixa mais essa saia, sinhá!”. A expectativa era para deixar para trás outras escolas. O Cônego Torres, por exemplo, que sempre caprichava no quesito novidade.
Então começava o desfile, não podia errar. Minha preocupação era perder a cadência do pé. Por outro lado, não tirava o pensamento do pós desfile. Os parques de diversões, as canoas e o carrossel. Ora, quanta saudades! Mas a melhor parte vem agora. Para mim, o que me tornava uma criança ainda mais feliz, era reencontrar toda a minha família reunida na barraca de Nossa Senhora da Penha. Meu avô, Augusto Duarte, costumava ficar na ponta da mesa. Irmãos, tios, primos e amigos trocavam abraços e ao sabor de guaraná, cachorro quente e bode assado, eu tinha certeza que estava no paraíso.
Minha família, meu porto seguro. Depois vinham os amigos e os comentário pós desfile. Sinto falta de tudo isso nos dias de hoje. A impressão que tenho é que mudamos o sentido da Festa de Setembro. Somos mais exigentes com a programação que se deteriora a cada ano. Entretanto, faltam os abraços, encontros, e o testemunho que para ser feliz não precisa de muita coisa.
Um bom domingo para todos e um autêntico 7 de Setembro!
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