Fotos: Alejandro García/Farol
Uma ação da Polícia Militar vem causando aflição, medo e revolta desde o início da manhã deste domingo (21) em familiares dos presos da cadeia de Serra Talhada. O FAROL foi acionado para apurar um suposto motim dentro da unidade prisional e ouviu de mães e esposas angustiadas relatos de violência policial e mortes. Neste momento (12h), dezenas de familiares estão do lado de fora do presídio gritando, chorando e sendo afetados por problemas de saúde, como pressão alta, já que, até o final da manhã, nem a PM nem a direção da cadeia prestaram qualquer informação sobre o que, de fato, vem acontecendo. Familiares temem pela vida dos detentos. Algumas são gestantes.
Pelo menos dez carros da Polícia Militar estão estacionados em frente à unidade prisional, entre eles, viaturas da Ciosac, Gati e unidades da Rocam. O FAROL tentou conversar com o responsável pela operação dentro da cadeia, mas fomos impedidos de entrar. Um dos soldados que estava na portaria informou que o diretor do estabelecimento não poderia falar e que o procedimento que estava em curso não tinha previsão de término. Para a dona de casa Cícera Rosângela dos Santos, 27 anos, que tem um irmão preso, a falta de informações é um dos principais agravantes da agonia.
“Estamos desde cedo aqui e eles não nos dão informação alguma, só ficamos aqui escutando os gritos dos presos e a polícia não diz nada. Hoje deveria ser o nosso dia de visitas, trouxemos comida, água boa, e agora está tudo azedando aqui fora. Estamos aflitas porque ninguém passa informação alguma. Tem criança e gestantes aqui do lado de fora passando mal, isso é um absurdo, estão batendo nos presos, eu mesma vi aqui pela brecha da porta um todo ensanguentado”, relatou a dona de casa. Outra, Rosileide dos Santos, 30 anos, queria saber o estado de saúde do marido.
“Os policiais lá dentro ficam ironizando com a gente, disseram que tinha dois mortos lá dentro e depois ficaram rindo. Como é que pode? Ficar rindo com um situação dessas, vendo a gente sofrendo aqui fora… Eles são funcionários públicos e não era para agir assim mexendo com os nervos de todos”, desabafou. O sentimento de revolta entre os familiares estava tão grande que alguns já cogitavam queimar pneus em frente à cadeia e fechar a BR-232. “Eu estou aqui sofrendo com pressão alta, estou passando mal. Ninguém dá informação”, reclamou outra familiar de um preso, Ivaneide Silva, 29 anos.
“Estamos aqui desde às 7h e a polícia não nos deixa entregar as comidas, estão todos se estragando aqui no sol. Estamos escutando gritos, vimos policiais usando aquelas luvas cirúrgicas e acho que estão fazendo isso para não marcar o corpo dos presos com a violência”, disse Helena Maria da Silva, 43 anos. Além de ameaçar queimar pneus, os familiares, sendo a maioria mulheres, gritaram palavras de ordem direcionadas ao diretor da instituição. Em coro escutou-se, repetidas vezes, “fora dr. Marcos!”.
A reportagem do FAROL telefonou várias vezes para o tenente-Coronel Wanderley, do 14º BPM, mas não obteve retorno das ligações.
Cícera Rosângela dos Santos: “só ficamos aqui escutando os gritos dos presos e polícia diz nada”
Rosileide dos Santos: “Os policiais chegaram até a dizer que tem dois mortos lá dentro e depois ficaram rindo”
Ivaneide Silva: “Ninguém nos dá informação alguma”
Helena Maria da Silva: “Estamos aqui desde às 7h, estou passando mal de tanta aflição”
Policial da Ciosac usa luvas cirúrgicas para entrar na cadeia de Serra Talhada
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