Por Gilvan Magalhães, cientista político com especialidade em Sociologia e Antropologia pela UFPE
Conciliador por natureza, radical quando era necessário, irônico, bom de papo, dono de um finíssimo senso de humor, grande parlamentar excelente Governador. O grande homem sobrevive por si mesmo, pela sua participação no processo social ou político em que se envolve. Ele vive, assim, através do tempo e do espaço, como força que atue pela presença.
Churchill, Roosevelt, De Gaulle ou Adenauer são substantivos absolutos, e o enunciado de seus nomes relembra o campo em que se distinguiram como dominadores de uma fase, de uma época, de um momento na História.
Se Eduardo Campos, pelas condições particulares de sua vida, não atingiu as proporções desses titãs do século XX, ele, no entanto, se eleva na nossa saudade, como um desses cavaleiros do direito, incansáveis na busca da Justiça, como o único meio certo e infalível entre as disparidades das situações econômicas e políticas.
Sua vida foi um emaranhado de belezas, um tema precioso de civismo e que resplandece com a luz que vem de longe, varando as distâncias e as dimensões. Para nós, Pernambucanos, Eduardo Campos é permanente inspiração. Que teria sido ele ao longo de sua carreira? Político, economista, jurista, mestre, sociólogo ou intelectual? Posso dizer que foi tudo isto, que sua base humanística assimilou numa síntese admirável. Campos foi um homem universal.
A democracia era para ele, mais do que uma filosofia política, era uma disciplina, um estilo, um comportamento.
No de 13 de Agosto de 2014 houve em cada lar uma prece, em cada face uma lágrima, em cada coração um voto de pesar e de saudade. É que Eduardo Henrique Aciolle Campos pertencia àquela rara estirpe do herói de Sófocles na Antígona: “não viera para partilhar o ódio, mas para distribuir o amor”.
Ele foi um predestinado que soube cumprir com grandeza a sua missão. Ilustrou, enriqueceu e elevou a sua Pátria. Dignificou o seu povo. Prestigiou e fortaleceu as nossas instituições livres. Preservou e opulentou o patrimônio dos nossos princípios sagrados. Sonhou, lutou e sofreu para reduzir entre nós a área dos miseráveis e apaziguar o espírito revoltado dos que têm fome e sede de justiça.
A lembrança de Eduardo Campos há de permanecer imaculadamente pura entre nós, sobrevivendo apesar da morte, atravessando a treva, varando a noite, brilhando com a luz que ilumina os caminhos, com símbolo da democracia que foi uma das razões de sua vida pública.
14 comentários em OPINIÃO: Entre o mito e o estadista; Eduardo Campos é fonte de permanente inspiração