Vilarejo luta contra fama de lugar mais "deprê" do mundo deixada por filme

Tatyana Trubilina, a chefe do conselho local neste desolado posto avançado russo no mar de Barents, queria deixar algumas poucas coisas absolutamente claras: nem todos os 1.000 moradores são alcoólatras, nem todos são deprimidos e ninguém cometeu suicídio, pelo menos não recentemente.

Além disso, ela disse, seu domínio ártico é um”puro paraíso” caso você goste de frutas silvestres, peixe fresco e, é claro, de vastas quantidades de neve.

Esses são os deveres de estar encarregada de um local que, graças a um filme russo implacavelmente sombrio aclamado pela crítica (ao menos no Ocidente), ganhou uma reputação indesejada de talvez o local mais miserável na Rússia, uma terra congelada remota e desolada de bêbados, autoridades brutas, prédios decrépitos e puro desespero.

Trubilina, uma ex-professora irrepreensivelmente positiva, fez uma ruidosa campanha, apesar de malsucedida, para proibir o filme, “Leviatã”, que foi filmado em grande parte em Teriberka e ganhou no ano passado o Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

O personagem principal do filme, um mecânico chamado Kolya, tem sua vida destruída pelo prefeito, uma versão fictícia e terrivelmente venal de Trubilina. Sua esposa, Lilya, se mata. Entre os conflitos invariavelmente sem esperança com autoridades e com a Igreja Ortodoxa Russa, todos entornam vodca e ficam deprimidos.

“Não consigo entender como alguém pode fazer um filme tão desonesto”, queixou-se Trubilina, diante de um retrato do presidente Vladimir Putin pendurado na parede de seu gabinete. “É uma versão inventada da realidade que não existe.”

Vilarejo luta contra fama de lugar mais "deprê" do mundo deixada por filme

Do Portal Uol