20160510164700944259aAo concorrer à Palma de Ouro no Festival de Cannes, que começa nesta quarta, Aquarius leva Pernambuco pela primeira vez ao patamar máximo do cinema mundial. Apesar de não ser tão famosa quanto o Oscar, a premiação francesa tem mais prestígio, credibilidade e significado artístico.

O vencedor é escolhido por uma comissão julgadora que muda a cada ano, sempre formada por artistas de respaldo, de diferentes países e gerações. Os júris de cada edição são presididos por nomes consagrados. Neste ano, o cargo é ocupado por George Miller, que foi finalista do Oscar em 2016 com Mad Max: Estrada da Fúria. Os Irmãos Coen, Jane Campion, Steven Spielberg, Nanni Moretti e Robert De Niro o presidiram nos últimos cinco anos.

Pensar em uma Palma não é exagero ou mera torcida bairrista. A possibilidade é real. Três filmes de Pernambuco, inclusive,já foram premiados em Cannes, apesar de terem participado em outras competições do festival. Cinema, aspirina e urubusganhou o prêmio do Ministério da Educação da França em 2005, quando integrou a mostra Um Certo Olhar (Un Certain Regard). Os curtas Sem coração e Muro venceram a Quinzena dos Realizadores respectivamente em 2008 e 2014. Aquarius já representa um novo passo adiante e pode chegar ainda mais longe.

A presença de Sônia Braga como atriz principal, a colaboração do franco-tunisiano Saïd Ben Saïd (responsável por Mapa para as estrelas, de Cronenberg, e O deus da carnificina, de Polanski) como produtor e a repercussão do longa anterior de Kleber (O som ao redor) foram fundamentais para a seleção na competição principal, mas foi acima de tudo a qualidade do filme que garantiu tão privilegiada posição. O contexto histórico também foi favorável, já que a seleção deste ano é predominantemente formada por obras protagonizadas por mulheres. Nomes como Pedro Almodóvar, Asghar Farhadi, Sean Penn, Jim Jarmusch e Ken Loach, que já concorreram em Cannes ou até já venceram a Palma de Ouro (e também o Oscar), estão entre os diretores concorrentes.

ATRIZES
Duas brasileiras já venceram a Palma de Ouro de Melhor Atriz em Cannes. A primeira foi Fernanda Torres, em 1986, com Eu sei que vou te amar. A segunda foi Sandra Corveloni, em 2008, com Linha de passe. Elas eram desconhecidas internacionalmente (ao contrário de Sônia Braga), mas naqueles anos superaram atrizes consagradas, como Angelina Jolie, Julianne Moore, Catherine Deneuve e Charlotte Rampling. Em 2016, a lista de concorrentes inclui Charlize Theron, Isabelle Rupert, Lea Seydoux, Marion Cotillard e Juliette Binoche, além das duas protagonistas de Julieta, Adriana Ugarte e Emma Suárez, dirigidas por Almodóvar, que sempre extrai boas performances. dos elencos femininos.


CURTAS
Dois curtas-metragens pernambucanos estão em competições do festival deste ano. O delírio é a redenção dos aflitos, de Felipe Fernandes, concorre na mostra Semana da Crítica. Abigail, de Valentina Homem e Isabel Penoni, disputa a Quinzena dos Realizadores. Do Brasil, também participam o curta A moça que dançou com o Diabo (SP), de João Paulo Miranda Maria, na competição principal, e o documentário Cinema Novo, de Eryk Rocha, exibido fora de competição na programação de filmes sobre a história do cinema.

Festival de Cannes começa nesta quarta com três pernambucanos nas competições

FILMES DO FESTIVAL DE CANNES EM 2016
(textos da agência AFP)

Filme de abertura:
Cafe Society, do veterano diretor de cinema americano Woody Allen, é um romance baseado na Hollywood dos anos 1930, estrelando Kristen Stewart e Jesse Eisenberg.

Na competição da Palma de Ouro:

Charlize Theron e Javier Bardem no filme de Sean Penn
Charlize Theron e Javier Bardem no filme de Sean Penn

The last face, do ator e diretor americano Sean Penn, é um romance moderno ambientado na África em meio a trabalhadores humanitários, estrelando Charlize Theron e Javier Bardem.
Julieta, do aclamado diretor espanhol Pedro Almodóvar, sobre a busca de uma mãe pela sua filha desaparecida há uma década.
Loving, do americano Jeff Nichols, conta a história de um casal inter-racial que enfrenta o racismo no estado da Virgínia nos anos 1950.
It’s only the end of the World, do canadense Xavier Dolan, é um drama familiar com Marion Cotillard, Vincent Cassel e Lea Seydoux.
Paterson, do diretor americano Jim Jarmusch, com Adam Driver interpretando um motorista de ônibus poeta na cidade de New Jersey.
Toni Erdmann, o trabalho muito aguardado da diretora e produtora alemã Maren Ade, cujo filme Todos os outros ganhou o Grande Prêmio do Júri em Berlim em 2009.
Aquarius, do diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho, que ficou conhecido após o premiado O som ao redor. O título do novo trabalho faz referência ao nome do antigo edifício onde a protagonista vive em Boa Viagem.
I, Daniel Blake, do diretor britânico e favorito de Cannes Ken Loach, é sobre como os cortes em assistência social afetam famílias vulneráveis.
American honey, da diretora de Aquário, a britânica Andrea Arnold, traz Shia LaBeouf no papel de um jovem que se junta a uma equipe de vendas e se vê imerso em uma cultura de bullying e abusos.
Personal shopper, do francês Olivier Assayas, é uma história fantasma ambientada no mundo da moda parisiense, com a estrela de Crepúsculo Kristen Stewart, que fará sua segunda aparição em Cannes em um filme de Assayas, depois de Acima das nuvens em 2014.
The handmaid, do diretor sul-coreano Park Chan-Wook, conhecido por Old Boy, é um drama de época sobre uma mulher rica e um bandido nos anos 1930.
Ma loute, do diretor francês Bruno Dumont, traz Juliette Binoche, Fabrice Luchini e Valeria Bruni-Tedeschi, a irmã da ex-primeira-dama francesa Carla Bruni.
Graduation, originalmente intitulado “Family Photos”, é um drama familiar de Cristian Mungiu, diretor romeno do angustiante drama sobre aborto 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, que venceu a Palma de Ouro em 2007.
La fille inconnue, dos irmãos Dardenne, da Bélgica, que já ganharam o prêmio principal da competição duas vezes.
Elle, do diretor holandês Paul Verhoeven, conhecido pelo drama Showgirls e por Robocop (1987), marca o seu retorno aos filmes de arte com a atriz francesa Isabelle Huppert interpretando uma mulher de negócios atacada na sua casa.
Sieranevada, do diretor romeno Cristi Puiu, conhecido pelo seu filme de 2005 A morte do senhor Lazarescu.
The Neon Demon, do dinamarquês Nicolas Winding Refn (Drive), uma história de terror baseada no mundo da moda e das celebridades de Los Angeles.
Mal de pierres, da diretora francesa Nicole Garcia, se passa após a Segunda Guerra, e traz Marion Cotillard como uma mulher em um casamento infeliz que se apaixona por outro homem.
Ma Rosa é o novo trabalho do diretor filipino Brillante Mendoza, cujo Kinatay competiu em Cannes em 2009.
Rester vertical, do diretor francês Alain Guiraudie, cujo Um estranho no lago foi premiado na categoria Un Certain Regard em Cannes em 2013.

Fora da competição:
The BFG (The Big Friendly Giant) da lenda de Hollywood Steven Spielberg, adaptado do clássico infantil de Roald Dahl’s.
Money monster, da atriz e diretora americana Jodie Foster, com George Clooney como um guru de Wall Street que é feito refém por um homem que fracassou após seguir suas dicas.
The nice guys, do diretor americano Shane Black, é um thriller com Ryan Gosling e Russell Crowe sobre o aparente suicídio de uma estrela pornô decadente.
Goksung, do sul-coreano Na Hong-Jin, mostra um detetive investigando uma doença misteriosa em um vilarejo.

Do Diario de Pernambuco