PTPor João Nunes de Souza, de Aracaju-SE

Escolher um “lado” é uma primordial e secular característica humana e até do reino animal. Quando crianças, torcemos pela mãe ou pelo pai nas discussões rotineiras; no trabalho desprendemos nossas energias em defesa desse ou daquele colega. Escolhemos um time de futebol  e sofremos ou vibramos com os seus resultados. Ou seja, nas inúmeras situações da vida sempre é um curso natural tendermos pela “escolha” e por essa logramos êxitos ou prejuízos, mas sempre devemos aprender com eles, o que nos leva à aquisição de uma primordial bagagem chamada  experiência.

Há aqueles que mudam de lado sob a mínima turbulência e há os que seguram a “peteca” “até debaixo d’água”, isso também é da nossa natureza e deve ser respeitado; no futebol é  que raramente se alteram as cores queridas. Confesso que em vários momentos pus as minhas convicções políticas em xeque, ante a essa avalanche de informações trazidas pela mídia, especialmente após a posse de Dilma Rousseff para o seu segundo mandato.  Acho salutar e gosto muito de ler e ouvir opiniões favoráveis e contrárias em todas as contendas que se apresentam, inclusive relativas à política.

Em 1989 participei de uma campanha política de beleza incomparável; pedimos dinheiro e vendemos camisetas e bottons, adquirindo recursos para a divulgação do candidato que escolhi à época. Eu e mais meia dúzia de companheiros fizemos um bonito e louvável trabalho em busca do ideal que acreditávamos. A partir daí escolhi o Partido dos Trabalhadores para acostar a minha ficha de filiação e até hoje lá deve estar tal documento. Passamos por duas derrotas nas urnas e, finalmente, em 2002 subimos a rampa do planalto, assumindo o gabinete do maior posto executivo do país.

Durante treze anos o PT esteve à frente dessa “nau catarineta”. Erros foram cometidos, comprovados casos de desvio de conduta ocorreram, não há aqui uma criança para não reconhecer. Mas foi um período em que o poder central tinha a intenção direcionada à diminuição das mazelas que afligem as pessoas menos favorecidas. Há os que tentam anular as conquistas sociais desse período, especialmente sob a égide de que houve mais corrupção que avanços. Não pretendo discutir nem fugir dos equívocos, mas como ente que veio da mais básica das classes sociais, não consegui obter tamanha cegueira a ponto de não enxergar a ascensão das pessoas pobres país afora.

Como dito antes, cheguei a ter dúvidas quanto à minha permanência nessa agremiação política, tamanhas as acusações e clara campanha de desmoralização do partido da estrela. Hoje é bem complicado defendê-lo até diante de pessoas que antes eram seguidoras. Ontem, 14 de setembro de 2016, um fato me trouxe de volta a certeza de que fiz a escolha e estou do lado certo. Nada poderia ser mais esdrúxulo, porém esclarecedor, do que o espetáculo midiático trazido pelo Procurador Geral da República.

Numa óbvia tentativa de reedição de acusações já conhecidas, sendo que, desta vez, expôs inclusive a família do primeiro operário a chegar à Presidência da República do Brasil. Nítida e clarividente ficou a intenção dessa operação, que já era óbvia: a aniquilação do Partido Político que fez pessoas sem voz e vez se sentirem cidadãos, evitando o seu retorno, pelas urnas, em 2018. A partir desse momento baterei a poeira e retirarei do guarda-roupas todas as camisetas vermelhas e as vestirei com o peito erguido, com a certeza de que nunca estive do lado errado.

Grande abraço aos conterrâneos e amigos!