FolhaPress
O presidente venezuelano Nicolás Maduro ordenou, nesta segunda-feira (12), o fechamento da fronteira com a Colômbia por 72 horas. O objetivo, segundo o bolivariano, é conter as “máfias” que estariam tentando “prejudicar” a economia do país contrabandeando milhares de bolívares para o vizinho.
Mais cedo, ele havia anunciado a retirada de circulação das cédulas de 100 bolívares -as maiores notas da moeda sob a mesma alegação.
Em seu programa de televisão, Maduro disse que uma investigação de dois anos teria apontado a existência de depósitos de bolívares do outro lado da fronteira -na versão do presidente, esses locais estariam “nas mãos das máfias da Colômbia e do Brasil”.
“Tomei a decisão de fechar a fronteira com a Colômbia por 72 horas”, afirmou Maduro na noite de segunda, em pronunciamento oficial nas emissoras de TV.
Ele disse ainda esperar que o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, permitisse que se corrigisse a “distorção que prejudica a economia”. “Na fronteira da Colômbia, todas as casas de câmbio estão nas mãos de máfias vinculadas à direita.”
Em agosto de 2015, Maduro já havia ordenado o fechamento da fronteira entre os dois países -que durou quase um ano para “acabar com o contrabando” e normalizar o abastecimento de alimentos e produtos básicos. Só em agosto deste ano que os presidentes dos dois países fizeram um acordo para reabrir as passagens.
Durante o dia, apoiadores de Maduro tinham circulado, nas redes sociais, imagens que seriam de criminosos tentando contrabandear dinheiro para a Venezuela como se fosse droga.
Segundo o governo venezuelano, a tática seria usada para inflar a cotação do bolívar em relação ao peso colombiano. A taxa, chamada de dólar Cúcuta, é usada pelo comércio como base para a importação de alimentos.
Maduro ainda acusou o Departamento de Estado americano de estar por trás da operação que, segundo ele, tem o propósito de “desestabilizar a nossa economia e sociedade. Deixar o país sem a nota de 100 bolívares.”
A cédula é a de maior denominação da Venezuela, embora valha R$ 34 pela cotação oficial -praticamente restrita a compras do governo- e R$ 0,06 no mercado paralelo, o mais usado pelos venezuelanos.
Os venezuelanos vão poder trocar as notas em dez dias a contar da próxima quinta (15). A segurança nos bancos será reforçada, assim como na fronteira, para impedir a entrada das cédulas que estão no exterior.
A situação poderá ser amenizada a partir da quinta, quando começa a circular a nova família de moedas e notas do bolívar. Neste caso, as cédulas serão de 500, 1.000, 2.000, 5.000, 10.000 e 20.000.