Países celebram 60 anos do Tratado de Roma e repensa identidade e futuroO ano de 1957 marcou a consolidação de uma série de esforços para criar uma comunidade europeia e integrar os países do continente no período posterior à segunda guerra mundial. No dia 25 de março, líderes da Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e de Luxemburgo assinaram o Tratado de Roma, determinados a “lançar as bases para uma união cada vez maior dos povos da Europa”.

Surgiu, assim, a Comunidade Econômica Europeia, um mercado comum com o objetivo de eliminar barreiras comerciais, garantir progresso econômico e social e reduzir as diferenças entre os países. Foi o começo do que viria a se tornar a União Europeia (UE). Sessenta anos depois, a comemoração do aniversário desse marco histórico é marcada por um clima de preocupação sobre o futuro do bloco.

UE em xeque

O projeto europeu vive, há alguns anos, uma crise de identidade e legitimidade. Se, há 10 anos, metade da população confiava na União Europeia, hoje apenas um terço mantém a confiança. Diante da recessão econômica mundial, que começou em 2008, e das economias enfraquecidas dentro do bloco, os princípios de prosperidade e estabilidade foram colocados em xeque.

A partir de 2015, o mundo testemunhou o auge da desunião em meio à chamada crise migratória. A Comissão Europeia tentou colocar em prática um plano para realocar e distribuir os refugiados, mas muitos países, sobretudo os do Leste, não apoiaram o esquema. Mais do que isso, passaram a controlar e fechar fronteiras, desafiando o princípio da livre circulação. Sem consenso, os interesses nacionais colocaram-se acima da cooperação europeia.

Brexit

No ano passado, outro golpe: os britânicos decidem sair da União Europeia. A questão migratória dominou a campanha pela saída, conhecida como Brexit, mas também o descontentamento com as regras do bloco e o controle exercido pelas instituições. Foi a primeira vitória do nacionalismo e do populismo, alimentados pelo cenário de instabilidade econômica, política e social.

Depois do Brexit, o mundo acompanhou de perto a eleição na Holanda, na semana passada, e o desempenho do candidato da extrema-direita Geert Wilders, que se opunha às políticas pró-imigração e era contra a União Europeia. Wilders não venceu as eleições, mas seu partido conquistou mais cadeiras no Parlamento do que na eleição anterior. O resultado agradou à extrema-direita no continente, que critica o projeto europeu e busca se fortalecer nas próximas eleições europeias deste ano: em abril, na França, e em setembro, na Alemanha.

Da Agência Brasil