Por Alejandro J. García, Repórter fotográfico do Farol e cidadão serra-talhadense
“…nunca é triste a verdade, o que ela não tem é jeito.”
Cantada por Maria Betânia a música do catalão Joan Manuel Serrat traduz de modo questionável que não é valido pedir para mudar um modo de ser. A conduta é a marca pessoal do indivíduo, e é assim que deve ser aceito. Isso, claro, nas relações interpessoais, quando uma pessoa escolhe outra para acompanhar e dividir sua vida.
Já no convívio comunitário esse conceito perde nitidamente validez. Se eu tenho por costume ouvir música a todo volume meu vizinho não tem porque ouvir também, nem ter sua casa invadida pelo meu som. É preciso que eu mude meu hábito ou não é?
Há poucos dias a menina Maria Júlia, com sua voz de criança carregada de uma emoção que segurou até o fim, com segurança e competência de gente grande, leu na Câmara de Vereadores minha biografia para ser votado um projeto no qual posso receber a cidadania serra-talhadense. Momento lindo demais para segurar no meu peito. No dia seguinte baixei no hospital para fazer um eletrocardiograma.
Hoje estou bem e continuo na mesma rotina. E com os mesmos questionamentos e as mesmas reclamações. E na próxima segunda feira 24) vai ser a segunda votação do projeto.
E não quero carregar a pecha de ter enganado alguém inadvertidamente. Estou nesta cidade por escolha pessoal, por vontade própria e por gostar dela. Mas não oculto para ninguém que certas coisas que acontecem me deixam triste, pois são os próprios cidadãos que fazem acontecer. E por outro lado, continuo e continuarei “res-pon-sa-bi-li-zan-do” o Governo Municipal pela sua inoperância.
Quando acontece a denúncia tira o corpo da seringa. Quando ninguém denuncia, faz como se não visse. E o abandono de nossa querida cidade é um fato inegável ante as evidências que mostram a realidade, única verdade na qual devemos acreditar. Estas são bem fáceis de juntar. As fotos que ilustram este texto são aleatórias, retalhos de uma realidade muito maior. Evidências obtidas sem esforço, como quem pesca num aquário.
Entretanto, o governo parte pra cima dos ambulantes e tenta organizar o comércio informal (sem dizer como, na feira não cabe mais nada e está necessitando intervenção) evita colocar a cara nos problemas que os costumes errados da população causam e afetam a saúde da própria comunidade.
Os terrenos abertos, as calçadas inexistentes, o lixo fora de hora e de lugar, são problemas ocasionados impunemente pela população que não vê ou não pensa que têm outros que se prejudicam com isso. E nesse terreno o governo não governa.
Quem não paga impostos tem punição, pois prejudica investimentos nos cuidados da cidade. Quem a maltrata não é orientado a não fazer. O silêncio do governo lhe faz participar dessa falta de cuidado.
Frente à evidência que a realidade mostra sinto que é mentira o amor que se sente por Serra Talhada. Quem ama cuida. E não concordo com Maria Betânia (ou Serrat); a verdade tem em sim mesma o jeito certo para mudar. É só não esconder-se no engano por conforto ou vai saber por quê.
PS: Para quem não conheça e queira conhecer a música se chama “Sinceramente teu”
IMAGENS DO DIA A DIA EM SERRA TALHADA
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