Nesta quarta-feira (17) a noite um novo escândalo político se abateu sobre o Brasil com as gravações do presidente Michel Temer, que teria supostamente incentivado a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, condenado a mais de 15 anos de prisão por corrupção.
Um dos primeiros jornais a divulgar o escândalo envolvendo o presidente foi o norte-americano The New York Times. De acordo com o diário, Temer “endossou propina de empresários” na gravação feita pelo dono da JBS, Joesley Batista, no dia 7 de março no Palácio do Jaburu, ocorrida no âmbito de uma delação premiada de Cunha.
Para o francês Le Monde, neste novo episódio de uma saga iniciada em 2014 com a deflagração da Lava Jato, o Brasil corre o risco de mergulhar em um novo caos político e econômico. O país, que mal começou sua recuperação de uma recessão histórica, poderá voltar a sofrer a ira dos mercados financeiros, preocupados com o bloqueio das reformas prometidas por Michel Temer.
O argentino Clarín intitulou a reportagem com uma frase de Michel Temer: “Estou vivendo o pior momento da minha vida”. O noticiário lembra que foi o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, que entregou a gravação ao Ministério Público. E lembra também que Eduardo Cunha foi quem desatou o processo de impeachment que culminou na queda da presidente Dilma Rousseff, “com a grande maioria da Câmara”.
O português Público afirma em sua manchete que o “Procurador Geral do Brasil pede prisão do senador Aécio Neves” e descreve que o senador foi acusado pelo empresário Joesley Batista de ter lhe ter pedido dois milhões de reais.
The Guardian analisa que a política provavelmente vai ficar ainda mais paralisada, já que mesmo antes das últimas acusações, o governo Temer já estava em crise. Três de seus ministros foram forçados a se demitir, e outros oito estão envolvidos nas investigações de corrupção da Lava Jato. Os índices de aprovação do presidente caíram para apenas um dígito, a economia permanece atolada em recessão, e os opositores organizaram recentemente uma greve geral em protesto contra suas políticas de austeridade e propostas de mudanças nas leis de aposentadorias, trabalhistas e ambientais. A possibilidade de o Brasil derrubar outro presidente ficou mais próxima, embora a coalizão governista tenha uma grande maioria no Congresso.
Do Jornal do Brasil