do Jornal do Brasil
O ex-deputado e ex-presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha resolveu abrir novas frentes de batalha em sua defesa na Operação Lava-Jato. Além de acusar o ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), de obstruir pedidos de liberdade e beneficiar executivos da JBS; ele disse que recorrerá ao papa para ser julgado, “apesar de ser evangélico e não acreditar que o papa é o representante de Deus na Terra”. O ex-parlamentar fez tais afirmações em nota entregue a aliados dele.
Ironias à parte, há o fato de que Eduardo Cunha está com dificuldades de fechar acordo de colaboração premiada, o que o levou às acusações. Ele contou que Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, pediram ajuda para aprovar o nome de Edson Fachin para o STF, em 2015, pois teriam “relação de amizade” com o ministro.
“Quando Joesley Batista e Ricardo Saud me procuraram para ajudar na aprovação, além da relação de amizade que declararam ter com ele (Fachin), me passaram a convicção de que o país iria ganhar com a atuação de um ministro que daria a assistência jurisdicional de que a sociedade necessitava”, escreveu Cunha, que fez ilações de que Fachin concedeu “assistência célere e eficiente” aos donos da JBS, “que em apenas três dias conseguiram homologar um acordo vergonhoso, onde ficaram livres, impunes e ricos”.
Eduardo Cunha declarou, ainda, na nota, que o ministro se recusa a pautar pedidos de habeas corpus da Lava Jato desde que a 2ª turma do STF decidiu libertar o ex-ministro José Dirceu, em maio. Segundo o ex-deputado, Fachin age “como uma criança que perde e leva a sua bola para casa, acabando com o jogo”.
O ministro do STF afirmou que Eduardo Cunha já teve dois pedidos negados pelo relator da Lava Jato em decisões liminares e que apenas dois recursos aguardam julgamento. O gabinete de Facchin informou também que, entre maio e agosto, foram julgados na 2ª turma do STF mais de dez habeas corpus.
Quanto ao pedido de auxílio que a JBS teria feita a Cunha para sua eleição ao STF, Fachin afirmou que não contou “com o auxílio de qualquer empresa ou grupo em seu processo de indicação” e que “qualquer insinuação neste sentido é inaceitável”. A JBS não comentou.