Do Diario de PE

O ex-ditador boliviano Luis García Meza, que cumpria uma sentença de 30 anos de prisão por crimes cometidos após o golpe militar que o levou ao poder em 1980, faleceu nesse domingo (29) aos 88 anos.

“O general Luis García Meza faleceu após uma parada cardíaca e respiratória”, afirmou o advogado Frank Campero. O militar havia sofrido três infartos no hospital das Forças Armadas, Cossmil, onde passou mais de 10 anos de sua pena de 30 anos de prisão, informou Campero.

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“Com a morte de García Meza, perdemos informações muito valiosas para esclarecer os crimes contra a humanidade e acabar com a impunidade e privilégios que ele mesmo teve”, disse o representante da Plataforma de Lutadores Sociais Contra a Impunidade, Julio Llanos.

Em 13 meses de regime sanguinário foram registrados 30 assassinatos confirmados e mais de 100 desaparecimentos nunca esclarecidos.

Em 15 de janeiro de 1981, em Sopocachi, bairro de La Paz, oito dirigentes do Movimento da Esquerda Revolucionária foram torturados e assassinados por um grupo de paramilitares. Apenas uma pessoa conseguiu escapar.

Além da violência extrema, os 13 meses de governo de García Meza também foram caracterizados pela corrupção e narcotráfico.

“Lamentamos que não tenha sido feita JUSTIÇA! Morreu em total impunidade”, afirmou a Associação de Familiares de Detidos Desaparecidos e Mártires pela Libertação Nacional (Asofamd) no Facebook. Para a Asofamd, García Meza “morreu protegido pelo exército”, no hospital militar.

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O advogado revelou que o cliente deixou em 2009 duas cartas escritas, uma dirigida a sua família e outra ao país. O conteúdo foi gravado pelos jornalistas Carlos Mesa (ex-presidente boliviano) e Mario Espinoza.

Os dois se comprometeram a não divulgar o vídeo até a morte de Gazcía Meza. O advogado antecipou parte do conteúdo ao afirmar que o cliente “não matou, não roubou seu país”. García Meza dirigiu um golpe militar em 1980 e ficou no poder entre 17 de julho daquele ano e 4 de agosto de 1981.

No dia do golpe morreram políticos, como o jornalista, historiador e líder socialista Marcelo Quiroga Santa Cruz, cujo corpo nunca foi encontrado.

Em abril de 1993, Meza foi condenado a 30 anos de prisão, ao lado do ex-ministro do Interior Luis Arce Gómez, mas fugiu e foi detido no Brasil em março de 1995 e depois extraditado para a Bolívia, onde foi levado para uma penitenciária de segurança máxima.

Ao lado de Hugo Banzer, ditador (1971-1978) e também presidente de direito (1997-2001), García Meza foi considerado o ditador militar mais sanguinário do século XX boliviano.