Da Revista Fórum

PMs são presos acusados de matar negros em abordagem no RioDois jovens negros voltavam de um churrasco em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, na madrugada de sábado (12) quando foram abordados por policiais militares. A abordagem foi registrada em câmeras de vídeo. Seus corpos foram encontrados depois, em um pesqueiro em um bairro vizinho. Os policiais foram presos preventivamente.

Edson Arguinez Júnior, 20 anos, e Jordan Luiz Natividade, 17 anos, estavam em uma moto em movimento quando passaram por uma abordagem policial a um veículo branco. Cenas de vídeo mostram os dois deitados no chão, com um PM armado indo em sua direção.

Em depoimento à Delegacia de Homicídios, os policiais negaram que tivessem atirado nos rapazes. Alegaram que os abordaram e que o condutor da moto se desequilibrou e caiu com o veículo, tendo se ferido. Os policiais disseram que iam levar os dois rapazes à delegacia para averiguação, mas que resolveram liberá-los logo depois porque “concluíram que os indivíduos não tinham problema nem a motocicleta que usavam”. Eles admitiram que “não é usual a liberação de suspeitos antes de chegarem na delegacia ou em outro órgão”.

A perícia, no entanto, constatou algo que parece ser sangue no local da abordagem e no tapete da viatura usada pelos policiais no momento da ocorrência.

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Os policiais foram detidos na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, após serem apresentados pela Corregedoria. A Justiça converteu a prisão para preventiva.

As imagens de vídeo, apresentadas à polícia, mostram os rapazes passando de moto, quando surge um clarão, que parece um disparo de uma arma de fogo. Os dois caem no chão e são revistados, algemados e conduzidos para a viatura. A moto é levada do local por um PM.

Ao jornal O Globo, o tio de Jordan, Ronan, contou que começou a buscar o sobrinho logo de manhã. Depois de uma peregrinação por delegacias, souberam que havia dois corpos encontrados em outro bairro. Chegou lá antes da polícia, e reconheceu o sobrinho, nu, com três marcas de tiros.

A Polícia Militar informou que as armas dos militares, tanto as da corporação quanto as particulares, foram recolhidas e apresentadas à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).