A trajetória do combatente de Corisco que fez história em ST

Da direita para esquerda: Adeilde Gomes, Alaíde Gomes (falecida), Alfredo Gomes, Aldenora Gomes, Lúcia Gomes, Antônio Gomes (falecido) e Jonas Viturino (falecido). As crianças são os irmãos e professores Paulo César Gomes e Roberto Gomes

Publicado às 04h18 desta segunda-feira (21)

A foto em destaque registra a presença de alguns integrantes de diferentes gerações da família “Gomes Viturino”. O patriarca da família era Jonas Viturino da Silva (o primeiro da direita para a esquerda), que faleceu em 1999, aos 97 anos, quando já residia no bairro da Caxixola, em Serra Talhada. Nos últimos anos de vida ele sofreu bastante com problemas de hérnia e com o ‘mal de parkinson’.

‘Seu’ Jonas, como assim era conhecido, nasceu em uma fazenda, próxima ao distrito de Bom Nome, no município de São José do Belmonte. Ainda muito jovem ficou órfão de pai, o que fez com que junto com os irmãos assumissem as responsabilidades de casa.

Entre 1928 e 1929, Viturino deixou o sertão pernambucano, e ao lado do Tio Arconso e de outros parentes, partiu para o sertão baiano com o objetivo de combater o cangaço. Logo após a sua chegada, Jonas conhece Maria Gomes, que morava na cidade de Salgado do Melão. Os dois jovens se casam no dia 12 de junho de 1930, dando início a construção de uma grande família.

COMBATE AO CANGAÇO

Jonas Viturino dedicou quase dez anos de sua vida ao serviço na Volante. Ele nunca enfrentou Lampião, sua companhia tinha como missão seguir o encalço do cangaceiro Corisco. Ao longo dessa caminhada, os filhos foram nascendo como se fossem um registro em um diário, onde a história era escrita com a alegria da chegada de um filho, e as tristezas e angústias de uma família que teve morar em  diferentes cidades de três estados do Nordeste.

Em 1931, nasceu Alaíde e Alcindor Gomes e em 1933, ambos em Santo Antônio da Glória – BA. Em 1935, nasceu Adeilde Gomes, na velha cidade de Petrolândia – PE. Em 1937, Aldenora Gomes, em Matinha de Água Branca – AL. Com o fim do ciclo do cangaço, o casal Jonas Viturino e Maria Gomes retornam a Pernambuco, onde nasceram os outros filhos: Maria do Carmo Gomes, Antônio Gomes e Francis de Assis ( Dedé/Diassis Gomes) e Alfredo Gomes em Poço Verde (atual município de Ipubi-PE).

Jonas Viturino não gostava de falar sobre o cangaço, nem tão pouco sobre Lampião, o qual sempre considerou como um bandido. Ele evitava comentar detalhes sobre a sua vida e as ações das quais participou durante aquele período. Os poucos registros orais que ele fez em vida e que foram repassados para os netos, detalham os sofrimentos vividos por uma família de sertanejos, que buscou sobreviver em meio ao caos social e a subserviência de um Estado falido frente às ações dos cangaceiros.

Entre os relatos feitos por Jonas Viturino estão os desafios de socorrer os companheiros de farda no ‘Raso da Catarina’, no sertão baiano,  e a execução de um colega de farda que participou de um movimento de rebelião contra o comandante e que acabou sendo levado ao ‘paredão’.

Assim como Jonas Viturino e Maria Gomes, a dona Senhora, tantas outras famílias viveram a primeira metade do século XX sobre o signo da fome, da miséria e da desordem social e política. Mas, mesmo diante desse cenário caótico, algo de muito especial brotou. O amor. E do amor surgiram belas  flores, que com o tempo deram bons frutos para o mundo.

Todos os filhos, netos, bisnetos e tataranetos são imensamente gratos aos eternos enamorados, aqui e em outra vida, Jonas Viturino da Silva e Maria Gomes Viturino da Silva.