Do RFI
A agência espacial americana vai tentar desviar a trajetória de um asteroide, lançando uma “nave kamikaze” em sua direção nesta segunda-feira (26). O “teste de defesa planetário” é um treino que visa evitar uma tragédia, caso a Terra enfrente uma ameaça similar no futuro.
A missão Dart (flecha, em inglês), decolou em novembro na Califórnia. Após dez meses de viagem, a nave deve atingir o asteroide Dimorphos por volta das 23h14 (GMT) nesta segunda-feira, a uma velocidade de mais de 20.000 km/h.
A nave tem aproximadamente o tamanho de um carro e seu alvo cerca de 160 metros de diâmetro, o equivalente à metade da Torre Eiffel. O asteroide Dimorphos não representa um risco real: sua órbita em torno do Sol passa a cerca de, no mínimo, sete milhões de quilômetros de distância da Terra.
Segundo Andrea Riley, encarregada da missão na Nasa, o treino é “importante antes que haja uma ‘necessidade real’ de desviar um asteroide de sua trajetória”, frisou.
El lunes 26 de septiembre a las 7:14 p.m. EDT (23:14 UTC), la nave especial #DART de la NASA se estrellará intencionalmente contra el asteroide Dimorphos, el cual no representa un peligro para la Tierra. ¿En qué consiste esta misión de defensa planetaria? https://t.co/RTrXqnOmLC pic.twitter.com/NTZC18o1bi
— NASA en español (@NASA_es) September 23, 2022
O momento do impacto poderá ser acompanhado ao vivo, pelo canal da agência americana. O corpo celeste não será destruído, mas apenas ligeiramente “empurrado.” A técnica é conhecida como impacto cinético.
Dimorphos é, na realidade, o satélite de um asteroide maior, Didymos (780 metros de diâmetro). Ele demora 11 horas e 55 minutos para dar uma volta em torno de Didymos. O objetivo da Nasa é diminuir esse tempo em cerca de 10 minutos.
Essa mudança poderá ser medida pelos telescópios na Terra, que observarão a variação dos “estilhaços” dos asteroides quando Dimorphos, o menor, passar em frente do Didymos
Essa observação é crucial porque mostrará como Dimorphos reagirá à manobra. Os cientistas desconhecem a composição exata do asteroide e o efeito do impacto dependerá de sua porosidade, ou seja, se é formado por uma matéria mais ou menos compacta.
Uma imagem por segundo
Para atingir seu alvo, a nave será teleguiada durante as quatro últimas horas, como um míssil. A câmera, chamada Draco, registrará no último momento as primeiras imagens de Dimorphos, cujo formato ainda é desconhecido.
Uma imagem será enviada para a Terra a cada 45 segundos. O evento poderá ser observado pelos telescópios espaciais Hubble e James Webb. Em seguida, a sonda europeia Hera, que deve decolar em 2024, observará Dimorphos em 2026 para avaliar as consequências do impacto e calcular, pela primeira vez, a massa do asteroide.
Poucos asteroides conhecidos são potencialmente perigosos e a maioria deles não corre o risco de atingir a Terra nos próximos cem anos.
Mais de 30.000 asteroides de todos os tamanhos, que cruzam a órbita terrestre, foram catalogados pelos cientistas. Quase todos os que têm cerca de um quilômetro foram detectados, mas a Nasa afirma que apenas 40% daqueles que têm mais de 140 metros de diâmetro, capazes de devastar uma região inteira, são conhecidos.
Se a missão Dart não for concluída com êxito, a nave deverá fazer uma nova tentativa dentro de dois anos. Caso contrário, trata-se de um primeiro passo da humanidade para desenvolver uma verdadeira capacidade de defesa no espaço, ressalta Nancy Chabot, cientista do laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins.
“A Terra é atingida por asteroides há bilhões de anos e isso acontecerá novamente. Para nós é importante, como humanos, viver em uma civilização onde isso poderá ser evitado”, conclui.
(Com informações da AFP)