Fotos: Farol de Notícias / Celso Garcia
A rodovia é caminho de passagem, idas e vindas de tantas pessoas. Trabalhadores que percorrem o mundo para ganhar a vida.
No canto direito da BR-232, ao lado do Supermercado Pajeú, Geneci Maria da Silva, 45 anos, montou seu negócio há cerca de 18 anos com o investimento de R$ 50 doados por sua mãe.
Com seu espírito empreendedor transformou em R$ 4.500 e comprou o seu trailer.
Nessas quase duas décadas de vendas ela recebeu o apelido de Rainha da 232 por uma ex-namorada de um dos seus filhos. A alcunha pegou e hoje é conhecida por todos.
Aos 14 anos Geneci saiu de Caiçarinha da Penha, na zona rural de Serra Talhada, para trabalhar em casas de família na cidade por cerca de 16 anos.
Aos 16 anos engravidou do primeiro filho, e viu as primeiras dificuldades da vida adulta ainda com a cabeça de uma jovem sonhadora.
Aos 18 anos engravidou do segundo filho. Dois meninos que ela diz serem os seus maiores orgulhos, hoje dois homens feitos.
“Meus filhos hoje um é projetista o outro trabalha com acessórios carro moto, é empreendedor. Criei eles aqui na beira da BR-232 vendendo café, almoço e lanche da tarde. Eu trabalhando em casa de família minha mãe dizia que eu estava sofrendo muito, e que quando se aposentasse ela ia me ajudar a sair dessa vida. Quando ela se aposentou me deu R$ 50 e eu comprei as coisas para fazer lanche e vender. Comecei com uma mesinha na frente do Posto Padre Cícero. Vendia bolo de caco, vendia tapioca, um café”, relembrou Geneci.
LABUTA DIÁRIA
Aos poucos a vendedora foi levando a vida e sonhando em ampliar seu negócio.
Há cerca de 9 anos conseguiu comprar o seu barraquinho na cidade de Tabira, quando mudou-se para próximo do Pajeú Autosserviço.
Segundo ela, chega às 5h20 e fica até 15h, 16h servindo os clientes que passam pela rodovia e que trabalham no entorno.
Além dos salgados tradicionais, os pratos mais pedidos são os sabores típicos da culinária nordestina.
“Eu faço o básico, feijão, arroz e pela manhã o pessoal pede muito cuscuz, uma macaxeira, caldo de mocotó. O cuscuz o pessoal sempre procura, aí temos também pastel, bolo, sanduíches, sucos. Fiz muitos conhecidos e clientes das pessoas que passam aqui na BR, um pessoal de Imperatriz no Maranhão é meu cliente antigo e sempre que passa aqui vem comer. Atendo também clientes do Hospital Eduardo Campos, do Pajeú, da Bandeirantes. Sempre com a mesma felicidade e o mesmo bom humor”, comentou.
“O começo foi muito difícil porque eu não tinha transporte, os meus filhos eram pequenos e estudavam a noite aí eles vinham trazer de bicicleta as minhas panelas. Teve um dia que o meu menino mais novo com a bicicleta caiu no quebra mola e a panela de pressão amassou muito, esse dia eu nunca esqueço. Ele se levantou, se sacudiu e foi a viagem.”
AINDA SONHANDO
Geneci desabafou sobre sua mãe, Maria da Penha Lima e Silva, sua primeira incentivadora que perdeu no Dia das Mães em meio a pandemia.
Seu pai Júlio Baptista da Lima e Silva, ainda mora em Caiçarinha da Penha.
“Minha mãe faleceu Dia das Mães de Covid, ontem (terça-feira, 9) fez 2 anos. Hoje eu moro só, meus 2 filhos são casados e eu tenho uma neta de 8 anos. Meu sonho é ter minha casa própria, porque eu não tenho. Eu cuidei muito da minha família, trabalhei e cuidei muito da minha minha família e nunca tive oportunidade de comprar uma casa”, revelou.
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