Ataque a escola: ex-aluno mata estudante a tiros e deixa outro ferido
(Reprodução/ RPC/G1)

Do Estadão

Uma estudante de 17 anos foi morta a tiros na manhã desta segunda-feira, 19, em ataque a uma escola em Cambé, no Paraná. Segundo o governo estadual, um ex-aluno entrou armado no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, alegando que solicitaria o seu histórico escolar. O município fica a cerca de 15 quilômetros de Londrina.

Outro aluno, de 16 anos, foi baleado e está internado. Segundo o Hospital Universitário de Londrina, o adolescente socorrido está em estado gravíssimo e os médicos tentam estabilizar o quadro de saúde do jovem. Ele respira com ajuda de aparelhos e ainda não foi submetido à cirurgia.

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros se dirigiram ao local para atender a ocorrência. Os secretários de Segurança Pública e da Educação também se deslocaram para a cidade. O ex-aluno já foi detido e encaminhado para Londrina. A polícia ainda investiga a motivação do crime.

Estudantes em pânico após um ex-aluno entrar armado no Colégio Estadual Professora Helena Kolody e balear dois estudantes; uma das vítimas não sobreviveu. Foto: Reprodução/Twitter/@Andre17121979

A vítima foi identificada como Karoline Verri Alves. Nascida em 2005, ela atualmente cursava o 3º ano do ensino médio. Era colega de sala do menino baleado. Ao Estadão, o secretário de Educação do Paraná, Roni Miranda, disse que as informações preliminares apontam que o autor não tinha relação com as vítimas. “É um ex-aluno, que estudou por lá em 2014″, disse.

Por meio das redes sociais, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), lamentou a tragédia. “A violência do brutal ataque em uma escola estadual em Cambé causa indignação e pesar. O assassino foi preso, será julgado e condenado pelo crime bárbaro que cometeu”, publicou.

Segundo Ratinho Junior, o professor que imobilizou o autor do atentado passou por treinamento sobre como atuar em situações parecidas como essa. “O professor que imobilizou esse ex-aluno passou por um treinamento recentemente, e as forças policiais chegaram em apenas três minutos ao colégio depois do acionamento, o que evitou uma tragédia ainda maior”, disse ele, que decretou luto oficial de três dias no Estado.

Em abril, Ratinho Jr. anunciou o reforço de 5,6 mil policiais para fazerem rondas nas regiões de escolas estaduais para conter ataques nas instituições de educação.

Por meio das redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também condenou o ataque a tiros no Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé, no Paraná, realizado na manhã desta segunda-feira.

“Mais uma jovem vida tirada pelo ódio e a violência que não podemos mais tolerar dentro das nossas escolas e na sociedade”, afirmou ele.

O Colégio Estadual Professora Helena Kolody tem 41 turmas e quase 800 alunos ativos, segundo dados disponíveis no site da Secretaria da Educação do Paraná. A escola atende turmas de ensino fundamental e médio.

Em evento no Rio de Janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também se manifestou. “De modo inaceitável, essa modalidade de violência se implantou no Brasil e serve de reflexão quanto aos traços culturais da violência”, disse. “As estatísticas de ataques a escolas nos EUA mostram que esse não é um exemplo para o nosso País.”

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Após os ataques registrados em março e abril, em São Paulo e Blumenau (SC), o governo federal lançou um pacote de medidas contra esse tipo de atentado. Entre as ações, foram criadas medidas para aumentar a responsabilidade das plataformas digitais sobre o que circula nas redes sociais.

Emoção tomou conta de alunos e professores na Escola Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, onde um aluno de 13 anos atacou professores e colegas em março deste ano. Foto: Werther Santana/Estadão

Veja outros ataques a escolas que ocorreram neste ano

Casos semelhantes ocorridos em São Paulo e em Santa Catarina também chocaram o País neste ano. Em 27 de março, um adolescente de 13 anos esfaqueou quatro professoras e um aluno dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, na zona oeste da capital paulista. Por volta das 10h30 daquele dia, foi confirmada a morte da professora identificada como Elisabeth Tenreiro, de 71 anos. O agressor era do 8º ano do ensino fundamental e foi apreendido.

No dia 5 de abril, um ataque na creche Cantinho Bom Pastor na Rua dos Caçadores, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, deixou quatro crianças mortas. As vítimas foram três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos. O agressor, de 25 anos, levava uma machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.

Um relatório apresentado durante os trabalhos de transição do governo federal em dezembro de 2022 indicava que 35 estudantes e professores tinham sido mortos em ataques no Brasil desde o início dos anos 2000. Antes disso, não há relatos de casos de violência em escolas no País.

Segundo o documento, os ataques praticados por alunos e ex-alunos “são normalmente associados ao bullying e situações prolongadas de exposição a processos violentos, incluindo negligências familiares, autoritarismo parental e conteúdo disseminado em redes sociais e aplicativos de trocas de mensagem.”