ST nos tempos do São João de Antônia Badu e João Henrique

Publicado às 06h18 deste sábado (24)

Por Adelmo Santos, Poeta e escritor, ex-presidente da Academia Serra-talhadense de Letras

Olhando para essas fogueiras eu lembrei da minha infância lá na década de 60, dentro de Serra Talhada, eu ainda era criança, não entendia de nada. Eu sentia a emoção ouvindo Luiz Gonzaga, que cantava e animava com essa linda canção; “A fogueira está queimando em homenagem ao São João, o forró já começou, vamos gente rapa pé nesse salão”.

Era o tempo da canjica, da pamonha e milho assado. Quem tinha o maior São João? Eu nem queria saber, não estava preocupado. No salão de Antônia Badu tinha um forró suado, eu ficava só olhando, a Dona Antônia me enfucava para eu dançar com Dalva.

Lá na Rua da Favela bem em frente ao chafariz os meninos soltavam rojão era o tempo das roqueiras, alguns machucavam as mãos. Eu soltava alguns chumbinhos e também “peito de véia”, tinha medo de rojão. Enquanto os adultos soltavam bombas, as crianças se divertiam soltando chuvinhas, traques e cobrinhas.

No salão de João Henrique, que ficava na Cagepe, tinha uma festa bonita, era muito frequentado, tinha o forró pé de serra mais famoso da cidade. As pessoas iam chegando com as roupas na estica, todo mundo animado, muita gente enfeitada pros desfiles das quadrilhas. Alevantu, Anarrié e Olhe a chuva! São gritos de animação, que vão puxando as quadrilhas tanto pelo meio das ruas, como dentro dos salões.

E assim era o São João em vários cantos da cidade, na Fazenda São Miguel, no Batukão e no CIST, no salão de Antônia Badu, na Estação Ferroviária e no salão de João Henrique. O sanfoneiro tocava as músicas tradicionais, era um banho de emoção pra não esquecer jamais.