Do Olhar Digital
No início de 2023, dois programas de observação astronômica – Tsuchinshan e ATLAS – descobriram de forma independente o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS). Este objeto promete ser um espetáculo no céu, visível a olho nu nos últimos meses deste ano, sendo possivelmente o cometa mais brilhante desde da passagem do McNaught (na foto acima), em 2007.
Com a redescoberta pelo ATLAS, o Minor Planet Center (organização americana que centraliza os dados de asteroides e cometas descobertos no Sistema Solar) reconheceu ambos os programas como codescobridores do cometa, nomeando-o C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS).
Imagens do Zwicky Transient Facility (ZTF), no Observatório Palomar, na Califórnia, também capturaram o objeto, confirmando sua natureza cometária. Essas capturas revelaram uma coma densa e uma pequena cauda, com apenas 10 segundos de arco.
Previsões para o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS)
A órbita do cometa foi calculada com base em dados de 74 dias de observação. Ele segue uma órbita hiperbólica e retrógrada, com uma inclinação de 139° em relação ao Plano da Eclíptica. Seu periélio, ou seja, a maior aproximação ao Sol, ocorrerá em 27 de setembro de 2024, quando passará a 58,5 milhões de km do astro.
Em 12 de outubro, o Cometa Tsuchinshan-ATLAS fará sua maior aproximação da Terra, a cerca de 70,8 milhões de km. Neste dia, ele será visível no início da noite, durante o crepúsculo. Se as previsões mais otimistas se concretizarem, ele poderá ser visto a olho nu e proporcionará um espetáculo no céu.
Durante sua máxima aproximação, dependendo da quantidade de gás e poeira que o cometa liberar, poderá ocorrer um fenômeno óptico chamado “espalhamento frontal”. Isso acontece quando a luz solar é refratada pelas partículas de poeira do cometa, aumentando seu brilho em até 4 magnitudes, o que pode torná-lo 40 vezes mais brilhante.
Se isso ocorrer, o Cometa Tsuchinshan-ATLAS poderá brilhar mais intensamente que o Cometa Lovejoy em 2011, tornando-se o cometa mais brilhante dos últimos 15 anos.
Embora as previsões sejam promissoras, cometas são notoriamente imprevisíveis. Vários fatores podem afetar a visibilidade do Cometa Tsuchinshan-ATLAS. Se o objeto tiver baixa atividade cometária, ele pode não brilhar tão intensamente. Além disso, se contiver mais gelo do que poeira, seu brilho pode ser menor do que o esperado. A pior situação seria a desintegração do cometa ao se aproximar do Sol devido à pressão do gelo sublimando em seu interior.
Novas observações devem refinar dados do objeto
À medida que novas observações forem feitas, será possível ajustar as previsões e ter uma ideia mais clara do comportamento do objeto. Espera-se que o Cometa Tsuchinshan-ATLAS proporcione um dos mais belos fenômenos astronômicos já vistos a olho nu, marcando uma geração.
Cometas que vêm da Nuvem de Oort, como o Tsuchinshan-ATLAS, muitas vezes têm composições ricas em gelo e poeira. Quando se aproximam do Sol, o calor faz com que esses materiais sublimem, criando as caudas brilhantes que tornam os cometas tão espetaculares. Se o Tsuchinshan-ATLAS tiver uma quantidade significativa de poeira, ele poderá refletir a luz solar de maneira espetacular, aumentando ainda mais seu brilho.
Portanto, marque no calendário: outubro de 2024 promete ser um mês memorável para os amantes da astronomia e para qualquer pessoa que aprecia as maravilhas do céu noturno. Prepare-se para olhar para cima e testemunhar um dos eventos mais espetaculares que o cosmos tem a oferecer.