
Por Paulo César Gomes, Professor e historiador, colunista do Farol
A coluna “Viagem ao Passado”, destaca neste domingo, um emblemático time movido a música, a cultura, e ao abençoando líquido do santo, a cachaça. Faz-se uma ressalva que alguns, entre o grupo, entre os bons de bola e os ‘pernas de pau’. Peço ao amigo leitor que não confunda perna de pau com ‘pé inchado’.
O termo bom de bola era aplicado a quem de fato sabia tratar bem a ‘gorduchinha’ (a expressão não refere ‘a gauchinha’), no campo, na quadra e nas areias do rio Pajeú. Refiro-me exclusivamente aos campinhos que ficavam na areia do rio. A fotografia é provavelmente do final dos anos 1980 ou do início dos anos de 1990, foi clicada na quadra poliesportiva Luiza Kehrle.
O time na verdade era uma grande reunião de amigos e frequentadores do bar K-Eba Bar, de propriedade de Tidinho (um ex-tampa), localizado na Praça Agamenon Magalhães, a popular Concha Acústica. No local hoje funciona um escritório de advocacia.
Receba as manchetes do Farol de Notícias em primeira mão pelo WhatsApp (clique aqui)
Para esse jogo os ‘cachaceiros’, como assim o grupo se definia, começou os trabalhos no final da tarde de algum dia da semana, no K-Eba Bar, e seguiram de bar em bar até a quadra.
O resultado do jogo foi um massacre, pior que os 7×1, da Alemanha sobre o Brasil, mas para o K-Eba Esporte Clube, a derrota era o que menos importava, o bom na verdade era tomar ‘cana’ e algo tinha álcool pelo meio.
O saldo negativo dessa brincadeira é que alguns jogadores do time adversário saíram machucados com lesões nos tornozelos e nos joelhos. Há relatos de que tinha atletas ‘cachaceiros’ jogando com uma ‘xô boi’ e ainda ficaram rodando perdido na quadra igual a um pião.
Também foram perdidas três bolas (coloquei o número ímpar para não gerar comentários impublicáveis), isso após alguns ‘bicões aleatórios’ na bolinha pesada, que acabaram atingindo a casa dos vizinhos.
Infelizmente, não vai ser publicada a lista completa dos jogadores que fazem parte da histórica foto, porque um amigo me prometeu enviar todos os nomes deles desde o início da festa de setembro e até agora nada.
Seguem os nomes que até agora me foram repassados. Da direita para esquerda: Diógenes (canta muito), Daniel, Rui Grúdi (Goleiro e autor do verso “quando eu ia ela voltava/e quando eu voltava ela ia”), Tidinho (Tido Mago, versão sertaneja de Eurico Miranda), Domar (o comandante das caatingas), Márcio Modesto (o último dos tampa), Miguel de Pompeia, Enildo, Rai di Serra (ele afirma que jogava bola com classe), Teia (de saudosa memória), Albério Ferraz (um ex-tampa), Sandro Carvalho (gostava da folia).
A propósito, caso alguém queira saber o porquê de algumas figuras usarem faixa nas cabeças, esse humilde escriba não têm a informação. A hipótese é que eles usaram para homenagear algum personagem de filme, tipo, Rambo ou Karatê Kid. Para fins jornalísticos, registramos que pelo menos dois jogadores foram ouvidos, e pasmem vocês!
Os principais fatos de Serra Talhada e região no Farol de Notícias pelo Instagram (clique aqui)
Ambos, em momentos distintos, falaram sobre a experiência que viveram nesse jogo.
Segundo Domar (filho de João da Federal) e Márcio Modesto (filho de Modesto Sá e neto de Luiz Gomes de Sá), “o melhor do jogo foi entrarem juntos com o estandarte do K-Eba e ouvir os gritos de uma torcida enlouquecida”. Cá pra nós – fixe agora sua mente nessa ideia-, imagine as ‘mugangas’ e os caras e bocas feitas por essa dupla, deve ter sido “uma grande palhaçada” no bom sentido, é claro! Vale registrar que tanto Domar quanto Márcio já trabalharam juntos como atores de teatro.
Na imagem abaixo temos um registro da fachada do K-Eba Bar, cedida pelo poeta e escritor Dierson Ribeiro.
Concluirmos essa coluna, que excepcionalmente hoje foi feita em forma de crônica, e aproveitando para parabenizar os serra-talhadenses nativos e os adotados, que se preocupam com a preservação de pequenos gestos, como uma fotografia, ou de grandes gestos, como as amizades, que surgiram ao longo dos anos, e que entrelaçam as nossas vidas e com as de outras vidas, e que nos conectam com as nossas memórias e com a nossa cidade.
P.S.: A lista com os nomes dos jogadores será atualizada ao longo do dia ou da semana, com ajuda do nosso ávido e dinâmico Giovanni Sá Filho.
13 comentários em Time do K-Eba Bar era a sensação dos anos 1980 em ST