
Com informações do Olhar Digital
O observatório solar Aditya-L1, lançado em setembro de 2023 pela Organização de Pesquisa Espacial da Índia (ISRO, na sigla em inglês), apresentou descobertas revolucionárias sobre a atuação do Sol e suas consequências tanto na Terra quanto no espaço.
O objetivo principal da missão é estudar as ejeções de massa coronal (CMEs), que representam uma ameaça crescente à infraestrutura terrestre, incluindo satélites em órbita, sistemas de comunicação e redes elétricas.
Ramesh Rajaram, docente do Instituto Indiano de Astrofísica, explicou à BBC que uma CME, constituída por partículas carregadas, pode ter um peso de até um trilhão de quilos e atingir velocidades de até três mil quilômetros por segundo ao se mover pelo espaço.
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“Ela pode seguir qualquer trajetória, inclusive em direção à Terra”, afirmou o cientista, comandante da missão Aditya-L1, acrescentando que, caso isso ocorra, o jato pode atingir a Terra em menos de 15 horas, representando um sério perigo para satélites e redes de energia.
De acordo com Ramesh, em julho, o observatório divulgou informações vitais sobre o Sol, quando um de seus sete instrumentos científicos, o Coronógrafo de Linhas de Emissão Visíveis (Velc), conseguiu registrar uma CME. Isso permitiu aos pesquisadores determinar com exatidão o instante preciso em que o evento teve início.
Como as descobertas da Índia no Sol podem proteger a conectividade do mundo
Em 1989, uma falha na rede elétrica de Quebec, no Canadá, foi responsável por afetar seis milhões de indivíduos. Casos parecidos foram registrados em 2015, quando tempestades solares interferiram no controle do tráfego aéreo europeu. Essas situações ilustram como as CMEs podem causar desordem em sistemas vitais na Terra.
Esses acontecimentos, além do efeito no planeta, também impactam o espaço. As CMEs têm o potencial de danificar satélites, impactando negativamente a comunicação mundial, que abrange internet, telefonia e sistemas de orientação. Em situações extremas, isso poderia levar a graves problemas, como a interrupção da conexão global – o denominado “Apocalipse da Internet”.

Com a missão Aditya-L1, a Índia se junta a um grupo restrito de nações que observam o Sol por meio de missões espaciais, como EUA, Europa, Japão e China.
Porém, a sonda indiana conta com uma vantagem única em seu favor: seu coronógrafo tem um design inovador, permitindo uma visão contínua da coroa solar. Isso é possível porque o equipamento consegue imitar o efeito de um eclipse, proporcionando uma observação sem interrupções, algo que outros coronógrafos, como os presentes nas espaçonaves da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA), não conseguem realizar.
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Esta habilidade permite à ISRO determinar com maior exatidão o momento e a direção de uma CME, um avanço significativo para aprimorar a previsão de tempestades solares.
Ramesh esclarece que, se as CMEs forem identificadas em tempo real, poderemos adotar ações preventivas, como desligar temporariamente satélites e redes elétricas, trazendo benefícios globais ao prevenir prejuízos consideráveis.