
Com informações da Agência Brasil
Nos últimos dez anos, o uso de internet e a posse de aparelhos celulares aumentaram significativamente entre as crianças brasileiras de até 8 anos. Entre os pequenos de 0 a 2 anos, a proporção de usuários de internet saltou de 9% em 2015 para 44% em 2024. Na faixa etária de 3 a 5 anos, o crescimento foi de 26% para 71%, enquanto entre crianças de 6 a 8 anos o uso dobrou, passando de 41% para 82%.
Os dados são de um estudo inédito do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), divulgado nesta terça-feira (11) durante o Dia da Internet Segura, em evento realizado em São Paulo.
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O levantamento, baseado nas pesquisas TIC Domicílios e TIC Kids Online Brasil, analisou o período entre 2015 e 2024. “Esse dado precisa ser melhor investigado no futuro para a gente entender quais são os tipos de uso. A gente sabe que muitas vezes esse uso é para assistir programas ou conteúdos, não necessariamente é um uso muito ativo da internet. Mas isso já mostra que a tecnologia está presente nos domicílios para essa faixa etária”, explica Fábio Senne, coordenador-geral de pesquisas do Cetic.br.
Crescimento na posse de celulares
A proporção de crianças com celular próprio também aumentou no período analisado. Na faixa de 0 a 2 anos, o índice subiu de 3% para 5%; entre 3 e 5 anos, passou de 6% para 20%; e entre 6 e 8 anos, saltou de 18% para 36%. Por outro lado, o uso de computadores caiu: em 2015, 26% das crianças de 3 a 5 anos e 39% das de 6 a 8 anos utilizavam esse tipo de equipamento. Em 2024, as proporções diminuíram para 17% e 26%, respectivamente.
Desigualdades entre classes sociais
O estudo também revelou disparidades no acesso à tecnologia conforme a classe social. Entre as crianças de domicílios das classes AB, 45% das de 0 a 2 anos, 90% das de 3 a 5 anos e 97% das de 6 a 8 anos usaram a internet em 2024. Na classe C, os percentuais foram de 47%, 77% e 88%, respectivamente. Já nas classes DE, os índices caíram para 40%, 60% e 69%.
A posse de celulares também reflete essa desigualdade. Na faixa de 0 a 2 anos, 11% das crianças das classes AB tinham o dispositivo, contra apenas 4% nas classes DE. Entre 3 e 5 anos, a proporção variou de 26% (classes AB) a 13% (classes DE). Já entre 6 e 8 anos, 40% das crianças das classes AB possuíam celular, contra 42% na classe C e 27% nas classes DE.
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Impacto da pandemia
A pandemia de Covid-19 acelerou o uso e a posse de celulares entre as crianças. “É interessante notar como a pandemia acabou provocando um novo patamar. Houve crescimento em todo o período [de dez anos], mas o crescimento entre pré e pós pandemia acabou colocando isso em um patamar acima, com crianças a partir dos 3 anos já tendo seu próprio dispositivo”, destacou Senne.
A posse de celulares, que se manteve estável entre 2015 e 2019, cresceu significativamente em 2021 e se estabilizou em patamares mais altos até 2024. As mudanças mais expressivas ocorreram entre crianças de 3 a 5 anos (de 12% em 2019 para 19% em 2021) e de 6 a 8 anos (de 22% para 33% no mesmo período). “Os celulares viraram dispositivos mais do dia a dia de crianças e adolescentes, principalmente naquele momento ali de restrição. E também o acesso à internet seguiu com um crescimento muito grande após a pandemia”, acrescentou o diretor.
A única queda observada após a pandemia foi no uso de computadores, incluindo desktops, tablets e laptops.