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A empresa norte-americana de biotecnologia Colossal Biosciences divulgou nesta segunda-feira (7) imagens de três filhotes que seriam lobos-terríveis, espécie extinta há mais de 10 mil anos. Segundo a Colossal, os animais foram gerados por meio da edição genética de lobos-cinzentos modernos com variantes genéticas obtidas em fósseis antigos.
A Colossal é a mesma empresa que quer reviver mamutes e anunciou ter produzido o ‘camundongo-lanoso’: um animal peludo com genes dos mamutes que quer ‘ressuscitar’.
Apesar dos resultados anunciados, especialistas explicam que ainda é cedo para afirmar que os anúncios são passos concretos na tarefa de trazer à vida animais extintos. Por exemplo, os comunicados que descrevem os feitos não foram publicados em revistas científicas nem revisado por pares.
Por essas e outras, especialistas têm dúvidas sobre o feito anunciado. Corey Bradshaw, professor de Ecologia Global da Universidade Flinders, na Austrália, afirmou em entrevista à Reuters que o animal apresentado pela empresa não pode ser classificado como um lobo-terrível verdadeiro, mas apenas um lobo-cinzento levemente modificado.
“Essas modificações parecem ter sido derivadas do material genético recuperado do lobo terrível. Isso faz deles lobos terríveis? Não. Faz deles lobos-cinzentos ligeiramente modificados? Sim”, disse Bradshaw.
Segundo reportagem da revista “Time”, o feito da Colossal não envolveu a recriação integral do DNA do lobo terrível (Aenocyon dirus), mas sim a edição genética do material de lobos modernos, com alterações em cerca de 20 regiões do genoma para obter as características da espécie extinta (tamanho, ombros e cabeça, dentes e mandíbulas maiores, pernas mais musculosas e vocalização característica).
Exagero ou mentira descarada
Para o professor Corey Bradshaw, alegações como as feitas pela Colossal exigem provas robustas.
“Quando se fazem grandes afirmações e não se fornecem evidências associadas, especialmente em algo tão controverso, isso é uma bandeira vermelha gigantesca. Na melhor das hipóteses, exageraram; na pior, estão mentindo descaradamente.”
Bradshaw também lembrou que a degradação natural do DNA em fósseis impossibilita atualmente reconstruir completamente o genoma de animais extintos há milhares de anos, o que limita as possibilidades reais da chamada “desextinção”.