Foto: BBC
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Da Folha de PE

A ex-vice-presidente Kamala Harris criticou na quarta-feira o que chamou de agenda “egoísta” de Donald Trump à frente do governo dos EUA. O discurso, feito para uma grande plateia de apoiadores em São Francisco, foi primeiro desde que perdeu as eleições presidenciais para o bilionário republicano, em novembro do ano passado.

Kamala foi oradora convidada num evento organizado pela Emerge, uma organização política que recruta e treina mulheres democratas para se candidatarem a cargos públicos.

Durante seu discurso, afirmou que o caos verificado nos últimos três meses, desde que Trump regressou à Casa Branca, é, na verdade, a personificação de um plano elaborado pelos conservadores, que usam o presidente para manipular os EUA em benefício próprio.

“O que estamos testemunhando, na verdade, é um acontecimento em rápida evolução, no qual uma agenda que estava a ser elaborada há décadas está a ser rapidamente implementada, com cortes na educação pública e redução do tamanho do governo para, depois, privatizar os seus serviços. Tudo isso ao mesmo tempo que concede incentivos fiscais aos mais ricos”, acusou a ex-candidata presidencial.

Ainda de acordo com a democrata, o governo atual tem “uma visão estreita e egoísta dos EUA, na qual aqueles que dizem a verdade são punidos, enquanto que os leais são favorecidos, o poder é explorado e cada um é deixado a sua sorte”, disse.

Sobre os ataques às universidades e à Justiça, a ex-vice-presidente afirmou que Trump ataca as universidades e os tribunais para intimidar a oposição. “Eles estão a contar com o medo para serem contagiosos, contam com a ideia de que, se conseguirem assustar algumas pessoas, isso terá um efeito assustador noutras”, asseverou.

Contudo, ainda segundo Kamala, há juízes, acadêmicos, políticos e cidadãos que confrontam Trump. “O medo não é a única coisa contagiosa. A coragem também é. E a coragem de todos esses cidadãos inspira-me”, concluiu.

Os primeiros 100 dias do segundo mandato de Trump foram marcados por uma série estonteante de decretos executivos abordando tudo, desde a imigração à ajuda externa, e até mesmo questões como a pressão da água do chuveiro.

A democrata, que alegadamente considera candidatar-se ao governo do seu estado natal, a Califórnia, em 2026, ou mesmo à presidência novamente em 2028, tem-se mantido longe dos olhos do público desde que deixou Washington em janeiro.