'Queriam ver meu sangue', diz mulher trans após ameaça em ST

Na última quarta-feira (30) a artesã Rosa Zarabia Lopes Nobre, 43 anos, moradora do bairro Alto da Conceição, em Serra Talhada, procurou a reportagem do Farol, para relatar que foi vítima de agressão e preconceito no início da madrugada da segunda para terça-feira, enquanto caminhava pela Academia das Cidades, no bairro do Ipsep.

Rosa contou que enquanto caminhava pelo local, ela encontrou um jovem, conhecido dela, que tem problemas de saúde e que ele estava consumindo bebida alcoólica, na companhia de algumas garotas.

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Por saber que devido ao problema de saúde, o rapaz não poderia estar consumindo bebida, ela o avisou que iria em sua residência, avisar a mãe dele. Neste momento, as meninas que o acompanhavam ameaçaram Rosa e quando ela retornou com a mãe do rapaz, foi brutalmente agredida.

Após o ocorrido, Rosa foi até a delegacia para abrir um boletim de ocorrência e mesmo após o registro continuou sendo ameaçada.

A artesã então decidiu levar o caso à justiça, para processar às agressoras e espera que a justiça seja feita, pois, ela acredita que as agressões se deram por causa de preconceito.

SEGUE O RELATO NA ÍNTEGRA

“Eu estava fazendo caminhada na praça do Ipsep, por volta de meia noite, da segunda para a terça-feira, quando encontrei Vitor, um menino que é especial, aposentado e toma remédio controlado. Eu vi ele com algumas travestis, aí eu bati palma e disse que ele estava de parabéns, por está bebendo com as meninas travestis e disse que ia falar com a mãe dele. As travestis juraram que iam derramar meu sangue e me ameaçaram. Eu fui chamar a mãe dele e as travestis puxaram ele. Ele não pode beber, porque ele é especial.”

“Eu fui na casa dele e avisei a mãe dele que ele estava bebendo com as travestis. Aí ela disse que não podia deixar ele sozinho, que depois que ele bebe, ele fica agressivo, por conta dos remédios controlados. As travestis não gostaram que eu chamei a mãe dele, me bateram, puxaram meu cabelo e me agrediram. Estou toda inchada aqui e com a cabeça toda cortada e com marcas.”

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“Eu fui na delegacia, o sargento já sabia, aí tiraram eles de cima de mim. Eu registrei o boletim de ocorrência na delegacia e o promotor pediu também para eu comparecer pra contar o que aconteceu. Eu contei a história a advogada da família dele que também estava lá nesta hora. O promotor disse que eu poderia entrar na justiça para que paguem indenização e eu disse que queria.”

Estamos resolvendo e fazendo o encaminhamento para entrar na justiça contra elas duas, para pagarem indenização, porque me bateram, sabendo que eu não sou de arrumar confusão. Elas me ameaçaram lá na delegacia, dizendo que nem a justiça ia dar jeito, só queriam ver meu sangue derramado porque eu fui chamar a mãe do menino, por causa do preconceito e porque as duas são usuárias de drogas. Elas também queria pegar o celular e o som do menino, aí foi que a mãe tomou da mão delas”.