Nesta quarta-feira (25), a reportagem do Farol de Notícias conversou com Bruno da Silva Aleixo, natural de Cuiabá e residente em Serra Talhada há aproximadamente 2 anos. Ele é atleta, estudante do curso de Licenciatura Plena em Letras e trabalha como jardineiro na Universidade Federal Rural de Pernambuco, campus Serra Talhada. Diariamente, ele concilia a rotina de trabalho e estudos na mesma instituição, para que consiga se manter na cidade e concluir sua graduação.
Ao Farol, Bruno contou que sempre quis ser professor e teve bastante apoio de sua mãe para ingressar no curso de licenciatura que tanto queria. Foi ela quem o inscreveu no Enem de 2014, sem que ele soubesse e foi ela também a responsável por dar a notícia da tão desejada aprovação para ingressar no ensino superior.
Receba as manchetes do Farol de Notícias em primeira mão pelo WhatsApp (clique aqui)
“Eu sempre quis ser professor, entrei no curso porque minha mãe me inscreveu no Enem de 2014, sem me dizer. Também ela me deu a notícia que eu havia passado no curso. E de lá pra cá venho tentando terminar. Tive que parar muitas vezes para trabalhar. Mas agora graças a Deus vou terminar. Iniciei o curso com a oportunidade de ser pesquisador da universidade, no que tange a Análise do Discurso em Gêneros Jurídicos, mais precisamente na Retórica e na Persuasão.”, destacou.
PERSISTÊNCIA E DETERMINAÇÃO
Durante a graduação o estudante participou de um programa de iniciação científica, onde teve a oportunidade de desenvolver uma pesquisa e conseguiu uma bolsa como atleta da universidade também, o que o ajudaram bastante a conciliar estudos e a vida de atleta.
Com o término da bolsa, cerca de um ano após o início, Bruno precisou então a procurar trabalho fixo para que tivesse uma fonte de renda, mas sem deixar os estudos de lado, porém, o processo até encontrar o emprego não foi fácil e nem rápido:
“Passei, então, a procurar trabalho e fiquei alguns meses, diuturnamente, concentrado entre estudar e enviar currículo por email e acompanhar os grupos de whatsapp de vagas de emprego. Até que em uma dessas pesquisas, vi que a empresa que hoje sou funcionário estava contratando algumas pessoas para tirarem férias ou algumas licenças. Consegui uma oportunidade. Passei algumas semanas como diarista em outra função, quando descobri que a senhora jardineira iria se aposentar em breve, como sempre gostei muito de plantas e já havia trabalhado na área, me candidatei a vaga”, explicou Aleixo, complementando:
Os principais fatos de Serra Talhada e região no Farol de Notícias pelo Instagram (clique aqui)
“Minha aflição em arrumar um emprego fixo era tão grande que por saber que só restavam mais alguns dias para vencer a licença que eu estava tirando e por não saber ao certo quando a senhora jardineira iria se aposentar e se realmente a empresa iria me contratar ou não, entrei em contato com uma empresa no Mato Grosso do Sul onde já havia trabalhado e me disponibilizei a viajar caso houvesse uma oportunidade pra mim lá, de pronto a empresa respondeu positivamente e em seguida começamos as tratativas da viagem e do contrato, logo encerrei os trabalhos como diarista na universidade”.
DESAFIOS E OPORTUNIDADE
Apesar dos inúmeros obstáculos enfrentados, surge uma luz no fim do túnel: uma oportunidade de trabalho, mas Bruno teria que deixar o seu curso de graduação de lado e retornar para seu estado. Faltando poucos dias para seu retorno, o jovem foi surpreendido com uma nova oportunidade, de trabalhar na própria universidade, agora não mais como diarista e sim como trabalhador fixo. Com muita alegria, Bruno conta como tudo aconteceu:
“Quando faltava cerca de uma semana para eu trancar o curso de Letras e viajar, recebo uma ligação da empresa que presta serviços para a universidade afirmando que haviam gostado dos meus serviços e que fui bem recomendado e, portanto, queriam saber se eu ainda tinha interesse na vaga de jardineiro. Me senti muito feliz e de imediato disse que sim. Entrei em contato com a empresa do Sul e expliquei a situação que aconteceu e que esse trabalho seria muito importante pra mim pois assim não teria que largar a universidade, a empresa entendeu e me desejou sucesso. Iniciamos um trabalho muito forte de paisagismo e recuperação e produção de novos jardins. Graças a Deus tudo está dando certo. A comunidade acadêmica e a empresa estão gostando dos resultados”, finalizou.
2 comentários em A trajetória do jardineiro da UAST que sonha e luta para ser professor