
Após o grave caso de queimaduras provocadas pela sua ex-companheira, que jogou água quente em Guilherme Carlos Alves Rocha por ciúmes [veja aqui], reportagem do Farol de Notícias foi até a casa da vítima, para ouvir detalhadamente sua versão sobre o fato.
O caso aconteceu no bairro Bom Jesus, na última quarta-feira (23), na Rua Capitão Manoel Inácio de Medeiros.
Segundo ele, a ação da sua ex-companheira foi premeditada e provocada por ciúmes. A Polícia Militar registrou o caso como agressão, mas a vítima e sua família falam em tentativa de homicídio.
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Farol: O senhor já tem um relacionamento de quanto tempo?
Guilherme: Há quase três anos. Dois anos e poucos aí. Quase três anos.
Farol: Ela era tranquila ou já apresentava algum comportamento estranho, agressivo?
Guilherme: Ela já apresentava, sim, comportamento inadequado e agressivo, principalmente quando ela bebia também. E ela era muito ciumenta. O defeito dela era muito ciúme também.
Farol: Nesse dia em específico ela tinha bebido, tinha tido alguma discussão, alguma coisa assim?
Guilherme: Não, não tinha bebido, nem tinha discussão. Apenas eu viajei de Serra Talhada e terminei. Ela foi no domingo lá para um evento lá no sítio, sem minha permissão, lá onde eu moro.
E na segunda-feira eu vim para a cidade e não vim aqui na casa de ninguém. De lá eu viajei do posto mesmo, quando eu deixo o caminhão lá. E conversei com ela pelo telefone, que não dava mais a gente dar continuidade no nosso relacionamento, não.
Então aí ela não aceitou. Ela não aceitou e falei na terça-feira também. Disse que não dava certo a gente estar junto mais, por conta que ela era muito agressiva e também era muito ciúme.
E ela tinha hackeado o meu telefone também. E por causa desse problema todinho aí, ela disse que não aceitava a separação. Quando eu vim a este viagem, conversava pessoalmente.
Farol: Ela tentou entrar em contato com o senhor pessoalmente?
Guilhermere- Falei para ela que não queria conversar com ela pessoalmente mais, que o que eu já tinha dito. Mas quando chegar aqui em Serra, venha que a gente conversa. Eu tenho uma conversa com você.
Mas só que meu telefone estava hackeado, eu sem saber. E foi ela que hackeou. Ela mesmo confirmou que tinha hackeado meu telefone, meu número.
E pegando minhas conversas todas com meu povo, com minha família, com meus amigos, minhas amigas. E achando que eu estava conversando com fulano sicrano, estava traindo ela. Mas só que uma coisa não tinha nada a ver com ela, porque eu já tinha falado para ela que não dava certo nós conviver mais.
Mas só que ela não queria aceitar, não estava aceitando a separação. Você não quer ficar comigo para ficar com A e B e C, isso aí não interessa a você. Porque eu estou dizendo que não dá certo mais nós dois.
Então quando você chegar aqui, nós conversamos. Quando eu chegar, eu vou passar no seu caso e pegar só alguns objetivos meus que estão aí e pronto. Ao chegar na quarta-feira de noite, umas 11h40 da noite, eu falei para ela que estava chegando em Serra.
Eu acho que não vai dar tempo para eu passar aí não, porque eu cheguei cansado. Porque amanhã eu viajo de novo. Se não passa aqui, estou de jeito.
Se for respeito do nosso relacionamento, não venha muito mais não, que eu já conheço a senhora já. E eu estou cansado e não quero problema não. Quero tomar banho e dormir, vou para casa da minha mãe agora.
Farol: Mas ela continou insistindo para encontrá-lo?
Guilherme: Por muito pelejado ela, eu passei. Ao chegar na casa dela lá, ela mandou eu entrar. Quando eu subi o degrau do primeiro andar, e já era para meia-noite já, chegando às 11h40, eu vi o fogão aceso, com uma cuscuzeira de 2 litros e pouco, que era bem grandona, cheia d’água.
Eu estranhei. Digo assim, janta essa hora na casa dela, não adianta essa hora, nem calar de ficar. Digo, ó, vim pegar aqui uma bolsa minha que ficou aqui.
Ela disse, não, quero saber de bolsa não, quero saber, conversar com vocês, sobre nós dois, como é que vai ficar. Eu digo, não, foi o que falei para você, para o telefone. Não tem como a gente dar continuidade mais.
Você pode seguir sua vida, seguir a minha e fica por isso mesmo. Eu disse, pega só a minha bolsa que está lá no seu quarto lá, senão você vai ter que explicar a sua vida para o tio.
O que é que você está conversando com fulano de sicrano aqui para o telefone? Só que ela já sabia das minhas conversas com o meu pessoal, meus amigos, minhas amigas.
E eu não… Ela estava acompanhando. Ela estava acompanhando, eu sem saber. Aí eu desconfiei.
Digo, não, a tia dela estava acompanhando. O meu celular estava aqui. Ela deu na minha memória pensando, não é isso? Aí eu digo, pega lá a minha bolsa que eu vou embora que eu estou cansado.
Farol: E então ela ameaçou o senhor?
Guilherme: Ela falou, isso quer dizer que você não quer mais, não quer, não quer estar comigo para estar com fulano de sicrano conversando de papinho com as outras, né? Depois, fique sabendo de sua coisa que eu vou acabar com a sua vida. Se você não ficar comigo, você não fica com ninguém também, não. Ligar?
Você mandou eu passar aqui para você estar com a minha ameaça com a minha pessoa? Então, se é de eu pegar a minha bolsa, se é de eu estar escutando essa conversa sua aí, eu vou direto pegar o meu mototáxi, eu vou pegar direto para a delegacia.
Nem na casa da mãe eu vou deixar as coisas. Se você não ficar comigo, você não fica com ninguém, porque eu vou acabar com a sua vida. Nem que eu acabe com a minha, mas eu acabo com a sua primeiro.
Farol: Essas ameaças já tinham acontecido ou foi a primeira vez que ela começou a ameaçar?
Guilherme: Ela já vinha a me ameaçar anteriormente, mas eu não fui a procurar a delegacia, porque eu trabalho mais fora, né? Aí, quando eu tive que passar lá, quando ela percebeu que realmente eu não queria mais mesmo, que ela já estava vendo as conversas, aí você está com outra, não sei o que, aí não importa, falei para você. Me dá as minhas coisas e põe-me embora. Espera aí que eu vou lhe dar agora.
Eu vou mostrar a você como é que se engana, que fica enganando a pessoa. Você não vai mostrar o que é que se engana ninguém. Porque eu não estou enganando, apenas estou falando para você que uma coisa que não dá certo.
Mas sabe que a filha dela estava dentro do quarto, que está grávida, né? Aí saiu para fora e disse, mãe, deixa ele ir embora, porque a senhora, ele está certo, ele não quer ir embora, ele não está pedindo mais você para ir embora, a senhora está errada, você está insistindo em uma coisa que não dá certo, ele não quer mais a senhora, o que é que a senhora está insistindo?
Aí ela queria se estranhar com a filha dela, por isso aí ficou. A filha dela voltou para o quarto, aí quando… Espera aí que eu vou mostrar a você como é que se engana as pessoas. Aí ela demorou um pouco, quando eu me levanto da cadeira, eu disse, se ela vier com a faca aí, nessa cadeira eu vou ter que me proteger.
Mas que nada, quando eu me levanto da cadeira para descer o degrau, só vinha uns pisadas atrás de mim. Quando eu virei as costas para trás, já vinha com a cuscuzeira cheia d’água. Eu acredito que estava tão quente que ela pegou dois panos de prato para segurar essa cuscuzeira.
Aí quando eu… É só aquilo que eu tenho para você. Quando ela falou isso aqui, quando mirou no meu rosto, eu me abaixei, aí ficou só as costas ali. Aí quando pegou nas minhas costas, pronto, minha vida ali acabou.
Farol: Foi o momento mais difícil…
Guilherme: Ia pegar no meu rosto. Quando eu virei para olhar o que era, o que é isso aí? O que é isso aqui? Quando eu me abaixei, eu agora fui rápido. Não sei como foi, eu… Não sei onde foi que eu encontrei essa rapidez.
Eu senti as pisadas nas minhas costas aqui atrás de mim, vinha me caminhando. Quando eu olhei para trás, vinha jogando no meu rosto, eu abaixei ligeiro, aí sobrou minhas costas. Aí pronto.
Daí, quanto mais eu pulava, mais a pele agarrava do corpo, a filha dela saiu dentro do quarto rápido. Aí tomou a cuscuzeira dela. A cuscuzeira estava tão quente e ainda seca, estava tão quente que a filha dela se queimou.
Aí soltou no chão, aí saiu chutando para lá, que estava tão quente e ainda seca, meio seca d’água. Aí a filha dela ficou desesperada.
Farol: Tentou socorrer o senhor ainda?
Guilherme: Tentou socorrer a minha pessoa e levou para o banheiro. Ela queria ir para o banheiro também para poder… Pegou uma xícara ainda, para poder largar na minha cara, que estava em cima da mesa.
A filha dela tomou. Aí partiu para a cozinha, aí pegou uma faca, mais ou menos uns 8 ou 9 polegadas da cozinha que ela usa.
Aí se eu vou acabar de matar logo, para desgraçá-la com a vida dela. Aí quando vinha para cima, eu já estava perdendo as forças já. O genro partiu para cima, tomou a faca dela, muito pelejado, mas tomou a faca dela.
Farol: A faca dela não chegou a atingir o senhor não?
Guilherme: Não, que foi questão de um metro e pouco. Deu tempo não que o genro dela tomou. Ela foi moída para tomar, mas tomou assim mesmo, porque ela estava tão brava.
Aí eu gritando de dor, gritando de dor, se perdendo as forças, pedi para ligar para o mototáxi imediato, aí a filha dela me socorreu. Aí botou no quarto, aí pegou uma tesoura, cortou a camisa todinha atrás, aí tirou, quando viu a bagaceira, a filha dela ficou desesperada.
Aí queria brigar com ela, aí pegou uma pomada, passou nas minhas costas, que é a pomada de anti assadura que estava lá, passou nas minhas costas, enquanto o genro dela eu pedi para ligar para o mototáxi.
Que não dava tempo para o bombeiro chegar, porque eu estava sofrendo de dor e as peles estavam borbulhando muito, e a dor era terrível.
Farol: Então, como o senhor foi para o hospital? Prestou queixa na delegacia?
Guilherme: O mototáxi chegava, eu me montei sem capacete, sem nada, tiramos aí a rua 15, passou um sinal vermelho que eu não sei nem como foi, não fui direto à delegacia. Aí cheguei lá, não aguentei a dor não.
Só tinha um escrivão lá, de plantão, sozinho. Eu disse, não, eu estou sozinho aqui, não tem como mandar a viatura lá não. Digo, manda qualquer viatura que eu dei o endereço para ele, ele disse, vai lá para o Hospam, depois você vem aqui.
Não aguentei, eu disse, não, bora para o Hospam. Ele disse, vai que você está ruim, você que foi sair. Eu disse, não, não tem como explicar não, que eu não estou aguentando mais não.
O escrivão dizendo, né. Eu disse, vai para o Hospam, para poder ser atendido lá, depois você vem aqui. Quando eu cheguei no Hospam, pronto, aí fui imediatamente atendido.
Aí daí, era para o Hospam, foi uma falha que houve nele, que era para o Hospam ligar imediatamente para a polícia, para a polícia vir lá, e pegar ali flagrando, então não houve flagrante para ela, por causa de falha.
Não, ela ficou em casa, porque eu acho que foi falha do Hospam, porque eu pedi umas 10 vezes, ligue para ela, para a polícia vir aqui. Aí sai uma do quarto, uma enfermeira do quarto, dizendo que ia fazer uma ligação para a polícia lá fora.
Eu acreditei, eu estava deitado na maca com maior dor, daí nem polícia, nem nada, nem houve flagrante, e por isso ficou. Aí no outro dia, quando eu fui embora, eu fui até a delegacia, e prestei queixo, mas não houve flagrante. Ela está aí.
Farol: Ela está em casa ainda? Ela foi vista ainda depois disso?
Guilherme: Foi vista lá no boteco, tomando bebida, curtindo como se nada tivesse acontecido.
E eu aqui sofrendo de dor, sem poder trabalhar agora, bastante dor, e estou aqui indignado. Tanto eu como minha família.
Estamos aguardando a decisão da justiça, que a gente quer justiça, porque uma coisa de sair não se faz não.
Porque isso aí para mim foi mais que uma tentativa de homicídio. Se não fosse a filha dela, ela tinha me matado. Porque com essa água quente aí, as minhas forças já estavam de água à baixo.
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