
Por Paulo César Gomes
A coluna “Viagem ao Passado” destaca neste domingo a história de vida da primeira radialista de Serra Talhada, Zuleide Vieira. Na imagem acima, Zuleide aparece apresentando um dos seus programas nos estúdios da extinta Rádio A Voz do Sertão AM. Zuleide também foi uma das primeiras radialistas do Sertão a fazer parte da direção do Sindicato dos Radialistas de Pernambuco.
Nascida em 1º de setembro de 1961, na Fazenda Xique-Xique, zona rural de Serra Talhada, Zuleide Vieira de Lima Feitoza construiu uma trajetória marcada pelo pioneirismo, pela arte e pelo compromisso com a cultura sertaneja. Filha de José Raimundo de Lima, apontador, e de Maria da Conceição Vieira Lima, agricultora e dona de casa, Zuleide cresceu entre o trabalho na roça, a pesca artesanal e o sonho de transformar sua própria história.
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Aos dez anos, já protagonizou seu primeiro ato teatral — “Uma Esmola para São José” —, experiência que despertou nela a paixão pela arte e pela comunicação. Determinada, prometeu à mãe que se dedicaria aos estudos para mudar de vida. Na adolescência, mudou-se para a cidade, onde nunca mais deixou de buscar qualificação, passando por cursos, oficinas e formações que moldaram sua atuação multifacetada.
Em 1983, Zuleide entrou para a história como a primeira radialista de Serra Talhada, estreando na Rádio A Voz do Sertão AM sob o pseudônimo de Dayana Cristina. A escolha desse nome se deu por causa do preconceito que ainda existia dentro dos meios de comunicação e na sociedade.
Ser pioneira no radialismo serra-talhadense exigia abrir mão de algumas coisas, entre elas, o próprio nome. O pseudônimo funcionava como proteção e estratégia, permitindo que ela conquistasse espaço e respeito em um ambiente majoritariamente masculino. Mais tarde, adotaria outros nomes artísticos, como Zuleide Hayalla, até firmar-se profissionalmente como Zuleide Vieira.
Ao longo de mais de duas décadas no rádio — também com passagens pela Líder Vale FM —, atuou como repórter, apresentadora e diretora de programas, conquistando prêmios como o de “Melhor Voz do Rádio do Interior”.
Paralelamente à carreira no rádio, consolidou-se como escritora, atriz, produtora cultural e artesã. Assina livros como “Zé Tião e o Boi Diamante – O Misticismo no Sertão” (2022), além de roteiros, peças teatrais e produções audiovisuais.
Também criou a Rádio Web Wôte e o Grupo de Teatro Musical AsmeNinas & Cia, fortalecendo a divulgação da arte local e regional.
Sua atuação rendeu reconhecimento em diversos projetos aprovados por editais como Funcultura, Lei Aldir Blanc e Lei Paulo Gustavo, sempre priorizando a valorização da cultura popular. No cinema, participou de produções como “Nova Yorque” (de Leo Tabosa) e “Lampião e o Fogo da Serra Grande” (de Anildomá Willians).
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Com mais de quatro décadas de dedicação à comunicação e à arte, Zuleide Vieira é um símbolo de resistência cultural no Sertão pernambucano. Sua voz — que um dia ecoou pioneira nas ondas da Rádio A Voz do Sertão — continua ressoando, agora em palcos, livros, produções audiovisuais e projetos comunitários, reafirmando seu papel como guardiã e difusora da identidade cultural de Serra Talhada.
8 comentários em A trajetória de Zuleide Vieira, a primeira radialista de Serra Talhada