BRASIL: Senador consegue retirar palavra 'ética' do novo código de conduta do SenadoA palavra “ética” foi retirada do possível novo Regimento Interno do Senado Federal, que aguarda apreciação pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O código de conduta é jurado por parlamentares na posse de seu cargo. O relator da reforma, o senador Lobão Filho (PMDB-MA), alega que a ética seria relativa. Também foi rejeitada para a proposta a declaração de bens obrigatória por parte de parentes dos senadores, a qual evitaria a transferência de nome do proprietário com o intuito de esconder o patrimônio. Para Lobão, medida seria inconstitucional. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.

“Isso daria margem a interpretações perigosas. O que é ética para você pode não ser para mim. E aí incluir isso iria gerar problema de conflitos ali. A ética é uma coisa muito subjetiva, muito abstrata”. justificou o político. Além disso, Lobão Filho não acatou a proposta de emenda a qual determinaria que fossem relatados à Corregedoria do Senado os atos incompatíveis com o decoro parlamentar praticados fora das dependências da Casa Legislativa. Como já previa o texto anterior, foi mantido o entendimento de que a quebra de decoro só deve ser denunciada se ocorrer dentro do prédio do Senado.

A resolução em questão, de nº 93, teve origem em 1970, durante o regime militar. Desde então, o código de conduta interno da Casa nunca havia passado por mudança, apesar de, em 2009, o então senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) ter apresentado a primeira tentativa de alterar as regras do Senado. Contudo, o mandato do tucano terminou antes de o projeto ser votado.

Ele concordara com a sugestão do então senador José Nery (PSOL-PA), de incluir, no juramento da posse dos senadores, o compromisso com a ética. Nessa proposta, também havia a afirmação para desempenhar o posto público de forma “honesta”, outro palavra que ficou de fora, mas que Lobão espera poder acrescentar novamente.

O documento que pode mudar o Regimento Interno do Senado já está pronto para ser votado pela CCJ, cujo presidente é o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), do mesmo partido que Lobão Filho. Se o atual conteúdo for aprovado nessa próxima etapa, ele ainda pode seguir para uma comissão temporária especial ou ir direto para o plenário.

(Do O Globo)