Quem for a procura de atendimento no Hospital Regional Agamenom Magalhães (Hospam) neste final de semana, em Serra Talhada, pode se deparar com uma crise instalada, principalmente, na pediatria da unidade. Com capacidade para 18 leitos, a pediatria conta hoje com 32 internos. Quase o dobro da capacidade. Por conta disso, o cenário é quase de guerra na luta por espaço, onde as mães utilizam colchões no chão e até redes são esticadas pelas genitoras que não querem se afastar dos filhos.
Segundo alguns médicos do Hospam, todo este cenário poderia ser evitado se a Prefeitura de Serra Talhada, através da Secretaria de Saúde, tivesse atuando nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) evitando que casos que não são emergenciais fossem parar no hospital que atende pacientes até de outros estados.
“A assistência básica do município não está cobrindo a demanda de crianças com necessidade de atendimentos. Realmente quando perguntamos as mães dos pacientes porquê não foram atendidos nos postos, a resposta na maioria das vezes é que não tem médico ou que o posto atende crianças apenas uma vez por semana. Sendo, dessa forma, não suficiente”, disse a pediatra Viedja Maria de Carvalho, durante entrevista ao FAROL, nessa sexta-feira (16). Segundo ela, seria necessário um trabalho mais eficaz por parte do município.
“No Hospam o paciente chega sem prévia marcação e já é atendido. Porém, dispomos apenas de uma pediatra por plantão de 24 horas com média de 50 atendimentos em 12 horas. Fica claro que o hospital está prestando o serviço para o município e regiões em várias atenções, principalmente, a básica. Até às 12h00 desta sexta-feira (16) foram atendidos 22 pacientes. Até o momento, apenas 2 (duas) urgências e nenhum internamento, ou seja, 20 (vinte) atendimentos que poderiam ter sido nos postos de saúde”, lamentou a pediatra.
ATAQUES A MÉDICOS
Por conta da ineficácia na atenção básica, muitos pais chegam em desespero ao Hospam e ameaçam até os médicos em busca do atendimento básico.
“Tivemos um caso nesta semana que um pai ameaçou atirar na médica caso o filho não fosse atendido. Isto é um absurdo. É muito difícil trabalhar nestas condições”, disse o cirurgião Barbosa Neto, plantonista do Hospam. Ele cita um exemplo da falta de ação por parte da Prefeitura de Serra Talhada. “Está chegando casos de sarna para o Hospam. As pessoas chegam querendo fazer o internamento. Ora, é um caso para ser tratado no posto de saúde”.
Já a pediatra Viedja Carvalho não entende os motivos do descredenciamento de alguns hospitais de Serra Talhada que funcionavam como apoio ao Hospam.
“Os hospitais privados Souto Maior, São Vicente e Pronto Socorro São José eram os quais, diante do excesso de internamentos, os pacientes eram referenciados (enviados) pelo SUS. No entanto, não sei por qual motivo o convênio está cancelado. O Hospam não tem para onde desviar o excedente”, lamentou a pediatra.
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