Por Paulo César Gomes, Professor, escritor e colunista do Farol
O encontro da vingança. Essa é a mensagem deixada na foto emblemática tirada no último domingo, 6 de junho. Na imagem, está a prefeita Márcia Conrado, tal qual uma rainha, cercada por seus súditos. Um encontro regado a muita cerveja e uísque, conforme se vê na mesa, e todos em um total clima de êxtase.
Nesse abraço coletivo, foi selado e ensaiado o futuro da votação das contas do ex-prefeito Luciano Duque. Pela primeira vez, vi e ouvi vereadores usarem termos como “violação da carta magna” e “prejuízo ao erário público” em uma sessão. Também “gostei de ver” o zelo que demonstraram com a aplicação correta das verbas do FUNDEB e com o atraso nos pagamentos dos consignados dos aposentados.
Foi realmente um show de oratória, com pareceres técnicos bem elaborados, onde se citou mais Dilma Rousseff como exemplo do que as contas reprovadas ou aprovadas de outros ex-prefeitos. Vale ressaltar que até petistas votaram afirmando que Dilma praticou pedaladas fiscais — ou seja, para eles, não houve golpe.
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Eu fiquei me perguntando: “O que é isso, companheiro?” Houve golpe, sim! Não existiam tais pedaladas fiscais. Foi apenas uma desculpa para tirá-la da presidência. Mas todos votaram com base em um parecer elaborado por advogados que não tiveram nem a preocupação profissional de evitar o “Ctrl + C” e “Ctrl + V”, o famoso copia e cola. Na minha opinião, foram cenas patéticas. Só faltou o ponto eletrônico no ouvido de alguns parlamentares.
No final, acabei ficando com vergonha do parecer dos técnicos e desembargadores do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que apresentaram um conteúdo bem fraquinho. Porém, prevaleceu a vitória da turma do conhecimento jurídico, já que, para eles, “não foi um julgamento político”.
VITÓRIA DE MÁRCIA
Foi uma vitória do governo Márcia, mas com muitas derrotas. Luciano Duque foi derrotado politicamente, mas moralmente saiu fortalecido. Saiu como um injustiçado. Seus adversários lhe proporcionaram as condições para que, em 2026, ele seja o deputado estadual mais votado de Serra Talhada.
Vários vereadores saíram com imagem arranhada. Muitos perderam a credibilidade junto a sociedade. Enquanto para outros faltou decência, ética e palavra. Quem será o politico que sem a ‘caneta’ e ‘máquina da prefeitura’ irá acreditar na palavra de algum vereador ou suplente aqui em Serra Talhada?
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Márcia Conrado como sempre se destacou com uma ótima articuladora, mas saiu perdendo, e as pesquisas de opinião pública irão provar isso. Márcia respira política 24 horas por dia. Quer entrar em todas as disputas e para isso não pensa duas vezes, ainda mais contando com o apoio de um grupo que não teve voz, que não questiona. Os seguidores de Márcia são hoje pessoas silenciosos, mudas ou resilientes. Baixam a cabeça para tudo. Infelizmente, são subservientes. Mas adoram sair sorrindo com ela nas na fotos que vão paras as rede sociais.
SEM PENSAR NA CIDADE
Torço para que Márcia volte a pensar na gestão da cidade. Que tenha no olhar e no sorriso o desejo de construir uma Serra Talhada cada vez melhor. Que volte a acompanhar as obras de perto, que viva o dia-a-dia do município e de sua gestão. Da forma como está agindo, aparecendo apenas para o seu ‘cercadinho’ durante eventos de assinaturas de ordens de serviços ou inaugurações, ou posando para fotos em festas, ou reuniões regadas a bebidas e tira gostos, ela poderá não lograr exito. A cada dia ela ganha uma aliado, mas acaba acumulando mais adversários.
Acredito que ao invés de tantos espectáculos, está na hora dela reunir seus secretários para fazer balanço do que foi feito nesses últimos seis meses e planejar o que poderá ser feito nos próximos. É preciso urgentemente entender as demandas e as reivindicações feitas pela população. No meu entender, ela está perdendo uma grande oportunidade de ser uma das maiores prefeitas da história de Serra Talhada.
No entanto, o tempo é o senhor da razão. E o tempo é implacável com os que não reconhecem que existe hora para tudo, até mesmo para parar, refletir e depois seguir em frente.
Na verdade, tolos como eu pecam por insistir em dar conselhos, mas como se diz na linguagem popular: se conselho fosse bom não era dado, Era vendido! E o resto fica a cargo do tempo!
25 comentários em A ‘Festa da Vingança’ e a formação do ‘cercadinho’ de Márcia Conrado