A incrível história do ataque da onça e a ação da mulher misteriosa em ST
Foto: Cenap – Icmbio / Divulgação

Por Ananias Solon, Zootecnista, historiador e escritor

Em uma prosa aqui na varanda da Fazenda Icós, em Serra Talhada-PE, com o vaqueiro Jorge Henrique, ele me contou uma história verídica que se sucedeu tempos atrás. Foi numa aventura de uma caçada que o ‘Prodígio’ aconteceu. Ele juntamente com meus primos e o pequeno Gabriel, de 4 anos. Seu pai não permitiu que ele fosse; por ele ser uma criancinha indefesa, mas muito esperto, o menino insistiu e o pai terminou cedendo aos seus apelos por ser uma criança carente de atenção, criado só pelo pai, pois, sua mãe havia falecido em decorrência do seu parto.

E saíram para tremenda caçada às 18h, Lua cheia, equipados, juntamente com seus cães de caça e seguiram rumo a Serra dos Tibúcios na região do sítio Carnaúba, município de Calumbi-PE.

Ele me falou que o local era deserto e a imensa mata fechada, com sua vegetação verde, era mês de maio. E naquele maravilhoso lugar, com sua flora e fauna nativa, apropriada para os animais viverem na natureza; sendo comum encontrar tatu, tamamduá, caititu e até onça.

Depois de percorrerem uma distância de aproximadamente 1 légua em veredas, atravessando vários obstáculos dentro da caatinga, inclusive atravessar um riacho com água na cintura, tendo o pequeno Gabriel atravessado na ‘cacunda’ do primo. Chegando no local estratégico próximo da meia noite, acampamos e se agasalhamos para um descanso, soltamos os cachorros para ‘acuarem’ as desejadas caças.

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E dissemos: vamos dar um rápido cochilo, quando os cachorros latirem a gente vai pegar a caça e o Gabriel, sempre atento a tudo. De repente, acordamos com a zoada dos cachorros brigando com uma onça, apavorados! Sentimos a falta de Gabriel; e saímos todos gritando: Grabiel! Gabriel! Gabrieell e nada de Gabriel.

A onça sumiu, os cachorros calaram-se todos ensanguentados, ficamos aflitos! Pensamos: a onça pegou Gabriel… Voltamos apressados e desesperados para casa, o dia amanhecendo, com medo de dar notícia ao pai de Gabriel, chegamos em frente a casa. O pai de Gabriel abriu a porta e foi logo perguntando quem foi a mulher que trouxe Gabriel nos braços.

E os rapazes ficaram surpresos e pasmos, com olhares lagrimosos! Perguntaram em uma só voz: Cadê Gabriel? Então ele disse: está na rede dormindo; chegou de madrugada sozinho, batendo na porta e eu perguntei: ‘Cadê Jorge e os primos? Ele disse: “ficaram dormindo! Os cachorros acuaram a caça, eles não acordaram, eu fui ver, os cachorros estavam brigando com uma onça’,

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A onça avançou em mim! Gritei, chorei, uma mulher me pegou rápido nos braços e saiu correndo, parecia está voando. Ela passou a mão na minha cabeça, me beijou, gostei tanto dela! Queria ficar com ela, mas ela me deixou na porta de casa! Ainda gritei: fica comigo! Fica comigo! mas ela foi embora, dizendo que ia ajudar os outros escaparem da onça.

Perguntei a Gabriel como era essa mulher e ele disse que ela tinha os cabelos grandes e um sinal no rosto. Então o pai de Gabriel lembrou na hora de Izabel, sua mulher, mãe de Gabriel, que tinha esses mesmos sinais e havia falecido há 4 anos atrás.

Ficamos todos hesitados, emocionados e felizes. Tiramos Gabriel da rede e abraçados, pulando e chorando de alegria, agradecemos a Deus pelo milagre de estar vivo.

Finalizo essa linda história, acreditando ainda mais naquela frase de SHAKESPEARE, que diz: “Há mais mistério entre o céu e a terra do que imagina nossa vã filosofia.”

Obs: Devemos proteger a Natureza. É crime caçar os animais silvestres.

Serra Talhada, 16/03/2025