A minha despedida do amigo padre Orlando ocorreu há 2 dias, em ST

Por Giovanni Sá, editor-geral do Farol de Noticias

“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”. Esta frase do dramaturgo, poeta e pensador, Bertolt Brecht, se aplica muito bem ao perfil do meu amigo padre Orlando Bezerra, que nos deixou de forma surpreendente, na noite dessa segunda-feira.

Tinha uma relação de amizade e admiração com o padre desde os anos noventa. Orlando tinha uma maneira especial como pároco, e aqui e acolá, conquistava desafetos, pela sua maneira simples de pregar verdades, com um sotaque legítimo do sertanejo.

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Estivemos juntos no debate politico em Serra Talhada, na luta e defesa dos trabalhadores sem terra, na emancipação do Assentamento às margens da Barragem de Serrinha, onde guardo uma lembrança especial: Casei na caatinga durante uma cerimônia coletiva, ao lado dos agricultores, e padre Orlando Bezerra estava do meu lado, aliás, foi o celebrante.

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Dividimos muitas conversas sobre um mundo melhor em sua casa, ainda na Paróquia do Rosário. Ele com doses pequenas de vinho, eu com a minha cerveja.

Demos boas risadas e sonhamos acordados, por muitas vezes. Inquieto com tudo, a última passagem do padre pelo Farol foi um rebuliço, porque teceu críticas ao PT e ao governo Márcia. Se era algo que Orlando tinha de sobra, era coragem.

Nosso último encontro foi há dois dias, em plena Praça Sérgio Magalhães, por acaso. Trocamos um abraço, tiramos onda um do outro, por conta do tamanho da barriga, outro abraço, e meu amigo se foi, agora; para sempre.

Termino da forma que iniciei, com a frase de Brecht: “Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”. Teve coram para pregar contra os soberbos, fez o bom combate e registrou seu nome na história do Pajeú.

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Viva Orlando Bezerra, hoje, agora e sempre!