Publicado às 05h desta sexta-feira 30()

O ser humano tem a capacidade de encontrar meios que o ajude e lhe dê forças para lutar contra as adversidades da vida, uns exercitam a fé e há aqueles que usam o humor até mesmo nas situações mais difíceis. Esse foi o caso da aposentada Lúcia de Fátima Andrade Silva, 58 anos, uma pessoa conhecida em Serra Talhada pelo seu bom humor, e ela soube usá-lo para enfrentar o diagnóstico e tratamento contra o câncer de mama.

Lúcia de Fátima, conhecida como Lucinha cabelereira, ela descobriu o nódulo na mama em novembro de 2018, mesmo mês da colação de grau da filha, Jéssica Guabiraba, de imediato já foi ao médico e após realizar a biópsia, foi confirmado o diagnóstico. Um choque para muitos, porém para Lucinha não, segundo ela, por vir de família com histórico da enfermidade. É evidente também que o humor dela ajudou muito durante todo o processo, inclusive relata tudo não só com aquele largo sorriso, mas as gargalhadas. Não que esteja fazendo piada, mas pela forma leve que encarou apesar de ter passado por momentos dolorosos.

”Quando eu estava tomando banho passei a mão e senti, aí falei para Jéssica que senti um caroço no seio e ela disse para ir ao postinho, eu fui e o médico pediu logo o exame. Quando eu fiz estava muito grande já, precisava fazer a biópsia para saber se era maligno, e era. Eu não fiquei abalada com o resultado porque eu já esperava,  na minha família paterna tem muitos casos, já é normal na minha família tanto na cabeça quando no seio e no útero” relembrou.

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Apesar da capacidade de encarar o diagnóstico e o tratamento com leveza, Lucinha relatou ao Farol que também teve os momentos mais dolorosos. Para ela,  foi mais difícil encarar o fato de ter que perder o cabelo e também quando se deparou com situação de retirada da mana. Conta que não gostou, inclusive, chegou a se negar a permitir o procedimento, mas ao final entendeu que era preciso.

”Eu encarei tranquila, só fiquei chocada quando o médico me falou que eu ia ficar careca e gorda, eu não gostei. Uma das fases mais difíceis foi perder o cabelo e fazer a retirada da mama.  Assim que começou cair, Jéssica disse logo que era melhor cortar e eu mesmo passei a máquina zero. O seio eu não queria tirar de jeito nenhum, os médicos me explicaram que era preciso, eu fui para o psicólogo e depois entendi e tirei, mas em vez de ficar só com 1 agora tenho 3 porque engordei,” disse acrescentando:

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”Quando fiquei careca, com a cabeça cheia de buracos, fazia medo a menino, por causa das cirurgias que fiz na cabeça, também tive um tumor na cabeça, quando saia na rua os meninos choravam com medo, mas eu achava era engraçado, isso não me deixava mal, levava na graça e também não gostava de usar lenços, só usava mais no hospital por causa do frio.”

TRATAMENTO

Lucinha concluiu o tratamento em fevereiro deste ano no Hospital do Câncer. Passou por 35 seções de quimioterapia e 22  de radioterapia. Como a radio é feita todos os dias ela e a filha ficaram por um tempo em Recife. ”Ficamos na casa de tia Noêmia para fazer radio, para fazer as seções da quimio eu viajava toda semana. Foi um período difícil, devido as reações do tratamento perdi um dente, esfarelou todinho e ainda adquiri trombose, mas tive muito apoio da família, meu irmão Djair que é Deus no céu e ele na terra, me ajudou muito.”

Depois da forma descontraída de relatar sua história de luta contra o câncer de mama, ela também viu a necessidade de falar sério com as mulheres para alertar o quão é importante o autocuidado e deixa a seguinte alerta: ”É importante que as mulheres se cuidem, se toquem e se perceberem qualquer nódulo procurem logo o médico. Terminei o tratamento e hoje eu estou bem, mas quanto antes tiver o diagnóstico melhor. Eu não quero que ninguém passe o que eu passei porque não é bom não.”

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É importante ressaltar que todo o tratamento de Lucinha foi feito pelo Sistema Único de Saúde-SUS, mesmo existindo falhas no sistema ele tem salvado a vida e milhares de brasileiros, inclusive salvado a vida de pacientes oncológicos. Então, é possível sim, aqueles que não têm condições financeiras de custearem um tratamento de alto custo como este, serem assistidos pelo SUS e terem a oportunidade de lutar pela vida sabendo que está recebendo todo o tratamento necessário.