Fotos: Arquivo Pessoal / cedidas ao Farol de Notícias
Publicado às 05h13 desta segunda-feira (26)
As barreiras que a educação básica ainda colocam para os profissionais estão longe de serem derrubadas, mas duas educadoras de Serra Talhada encontraram uma forma especial de fazer seu trabalho com dignidade, respeito e carinho pelas crianças da zona rural da cidade. A coordenadora Sibely e a professora Lucidalva uniram forças para garantir a alfabetização de uma aluna com dificuldade de leitura.
Sibely Sousa, 43 anos, é uma professora de Língua Portuguesa com mais de 20 anos de experiência e que hoje atua como coordenadora da Escola Municipal Raimundo Gomes de Barros, na Fazenda São Miguel. A professora Lucidalva dos Santos, tem 51 anos, é natural de Recife, mas atualmente dedica sua vida a educação básica de Serra Talhada, especificamente na escola do distrito Logradouro.
Elas cultivam na alfabetização da pequena Samara Cenilda, de 7 anos, aluna do 2º ano do Fundamental I, o gosto de aprender e lutam para que ela se torne uma grande leitora. Há cerca de dois meses as profissionais trazem a menina para aulas de reforço com a coordenadora e a professora que abriram suas casas para ensiná-la.
“O interesse por Samara surgiu através de um passeio que estávamos fazendo, gravando para uma ação do Saeb. Ela era bem tímida, eu chegava na sala e ela mal olhava para a gente, só levantava o olhinho. Tinha dificuldade de socializar na sala, e a professora Lucidalva veio com a ideia e comentou que faltava apenas alguns alunos para aprender a ler e o caso de Samara é porque o pai ler muito pouco e a mãe é analfabeta. E a professora sugeriu que trouxéssemos ela para casa e acompanhá-la de perto nas atividades e ensiná-la a ler”, detalhou a professora, complementando:
“A princípio pensei que não tinha coragem, mas quando olhei no olhinho dela e vi a sua vontade de aprender e falei que tinha coragem e pedi que pedisse a mãe dela. A mãe ficou muito feliz, concordou com a ideia. Só tivemos que intercalar três dias da semana, porque o irmãozinho dela pequeno sentia falta. E houve um avanço incrível, ela está rendendo bem mais, a questão da socialização dela, está desenrolada. Agora há uma interação diferente com os coleguinhas, ela hoje fala com precisão, olha nos nossos olhos, conversa. O pai ficou um pouco ciumento, mas conversamos sobre o futuro de Samara e abraçamos essa causa”.
METODOLOGIA
Sibely explicou que a pequena Samara teve aulas normalmente na escola pela manhã e à tarde com ela em sua casa. Quando chegava a noite ainda ia revisar as atividades com a professora Lucidalva. A metodologia aplicada em dois meses de aulas extras fez não só com que a menina começasse a ler, mas também melhorou seu desempenho escolar e na interação com os colegas de sala.
“Ela passava a tarde comigo, e um dia dormia com a professora Lucidalva para estudar e no outro dia dormia na minha casa. Todos os dias à tarde trabalhávamos uma atividade e à noite a professora revisava com ela. Isso até o fim do ano, perto das provas finais e entregas de notas. O avanço dela é incrível, está rendendo bem mais, mudou o nível. É uma responsabilidade grande, mas é uma experiência que vale a pena, foi proveitosa. Nós estamos plantando uma sementinha nessa criança e já estamos começando a colher os frutos disso”, finalizou.
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