Adesões ao saque-aniversário do FGTS aumenta, mesmo após Crédito do Trabalhador - Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Com informações do R7

O número de trabalhadores que aderiram ao saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) voltou a subir em maio, após queda registrada em abril. Dados da Caixa Econômica Federal mostram que as novas adesões passaram de 473 mil, em maio de 2024, para 557 mil no mesmo mês deste ano – um crescimento de 18%.

A modalidade, que permite o saque parcial do saldo anualmente no mês de aniversário, tem sido alvo de debate. Ao optar por ela, o trabalhador abre mão de resgatar o valor em caso de demissão sem justa causa, ficando apenas com a multa de 40%. Por outro lado, o recurso pode ser usado como garantia para empréstimos, o que tem impulsionado a adesão.

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Crédito fácil x risco de endividamento

O aumento coincide com a oferta do Crédito do Trabalhador, lançado em março como alternativa ao saque-aniversário. Apesar disso, muitos seguem optando pela antecipação do benefício, que já retirou R$ 159,2 bilhões do FGTS desde 2020. Desse total, 66% foram para bancos em operações de crédito, enquanto apenas 34% chegaram diretamente aos trabalhadores.

Atualmente, 37 milhões de brasileiros aderiram à modalidade, e 25 milhões usaram seu saldo como garantia em empréstimos. Para Mário Avelino, presidente do Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador, o cenário é preocupante:

“Nós temos hoje uma população cada vez mais endividada. E, no saque-aniversário, o trabalhador não paga o empréstimo a curto prazo. Ele pega o dinheiro que vai ser creditado futuramente. O recurso creditado na conta dele vai para o banco ano a ano para pagar o empréstimo.”

Avelino alerta que o dinheiro, que deveria financiar habitação e saneamento, está sendo direcionado ao sistema financeiro, deixando o trabalhador sem reservas em momentos de necessidade.

Governo tenta frear, mas bancos resistem

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, já defendeu o fim da modalidade, mas a proposta enfrenta resistência de instituições financeiras e parlamentares. Enquanto isso, o governo liberou o saque para demitidos sem justa causa entre 2020 e fevereiro de 2025, com parte dos valores sendo pagos em março e outra parcela em junho.

Para Rubens Neto, da Crédito Popular, a antecipação segue atraente:

“Isso porque ela não efetua descontos no salário dos solicitantes mensalmente, e sim por meio do FGTS. Dessa forma, os trabalhadores não têm a sua receita mensal prejudicada.”

Já Eduardo Wigman, da fintech Meutudo, atribui o crescimento a fatores como juros mais baixos e análise de crédito simplificada, tornando a opção acessível até para quem tem restrições financeiras.

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Vale a pena aderir?

  • O dinheiro fica rendendo no FGTS (TR + 3% ao ano + lucros) se não for sacado.

  • Quem desistir da modalidade precisa esperar dois anos para ter direito ao saque integral em caso de demissão.

  • Financiamento imobiliário não é afetado, pois o valor do saque-aniversário fica em conta separada.

Especialistas recomendam cautela, já que a facilidade de crédito pode comprometer a segurança financeira do trabalhador no longo prazo.