
Os alunos Matheus Lacerda, Erickson Natan, Luana Maially, Emilly Emanuelly e Leandra Viviane, da Escola Técnica Estadual Professor Paulo Freire, em Carnaíba, conquistaram o 1º lugar nacional na Olimpíada Conect@ Inovação, competição organizada pela Universidade La Salle que reuniu projetos de escolas de todo o Brasil. A conquista rendeu à equipe bolsas de estudo como premiação.
Sob orientação do professor Gustavo Bezerra, reconhecido como educador nota 10, os alunos desenvolveram o Sertanino, um bioindicador natural criado para identificar a presença de coliformes fecais na água por meio da mudança de tonalidade de uma pastilha. O produto utiliza substâncias extraídas de duas plantas típicas da Caatinga — jurema-preta e catingueira — ambas ricas em taninos, compostos com propriedades antimicrobianas, antioxidantes e adstringentes.
A solução nasceu a partir da realidade do sertão nordestino, onde muitas comunidades rurais e ribeirinhas convivem com escassez de água potável, saneamento básico precário e dificuldade de acessar métodos laboratoriais que comprovem a qualidade da água. O Sertanino oferece uma alternativa simples, sustentável, barata e acessível, permitindo que qualquer família identifique de forma visual e rápida se a água está contaminada.
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As pastilhas foram produzidas a partir do extrato das plantas, combinadas com amido de milho, glicerina e sulfato férrico, reagente responsável por intensificar a alteração de cor. Testes feitos com diferentes tipos de amostras (água potável, água de horta, água de bebedouro e água contaminada) confirmaram a eficácia do método, que apresenta mudança de tonalidade em até 24 horas. Enquanto a ausência de alteração indica água segura, a cor escura aponta contaminação.
Com um custo estimado entre R$ 1,70 e R$ 2,00 por pastilha, a proposta se mostra altamente viável para uso comunitário, escolar e doméstico, especialmente em regiões remotas. O valor é significativamente inferior aos métodos convencionais disponíveis no mercado, que podem ultrapassar R$ 200,00 para apenas 10 testes e muitas vezes exigem infraestrutura laboratorial.
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Além da detecção de coliformes fecais, o projeto abre caminho para novas pesquisas. Os estudantes planejam aprimorar a fórmula para ampliar a durabilidade da pastilha e, futuramente, desenvolver versões capazes de identificar outros tipos de poluentes. Também está nos planos a elaboração de manuais e oficinas para comunidades, fortalecendo ações de educação ambiental e prevenção em saúde.
A conquista nacional evidencia o potencial da educação pública do interior pernambucano e coloca Carnaíba em destaque no cenário da inovação científica estudantil. O Sertanino une ciência, tecnologia social e valorização dos recursos naturais da Caatinga, mostrando que soluções transformadoras podem surgir do olhar atento às necessidades reais da população.