Publicado às 05h50 deste sábado (1)
Por Jóseley Gildo Marques da Silva- Arquiteto e Urbanista, trabalha atualmente pela GIBB em Portugal
O município de Serra Talhada necessita seriamente investir em intervenções urbanísticas direcionadas à gestão de águas pluviais e menos em “embelezamento superficial”. Em 2021, apresentei junto ao Farol alguns conceitos que poderiam ser aplicados em pontos estratégicos — críticos — da cidade. As mudanças climáticas claramente estão afetando a gravidade das chuvas torrenciais, e o cenário sempre será catastrófico se nada for feito em Serra Talhada. Não é apenas fazer por fazer, é partir da base (população) para o topo (administração municipal), é fazer valer as necessidades dos habitantes quando for intervir em melhorias no município.
Nestas chuvas recentes, os serratalhadenses, através do Farol, presenciaram como o Parque dos Ipês foi projetado de maneira totalmente inapropriada à geografia onde está situado (várzea). Nestes locais onde ocorrem as cheias das linhas d’águas, um parque deve servir como uma esponja, tanto para evitar alagamentos inesperados, quanto para armazenar água para uso futuro. Quantos “marços” serão necessários para se começar a intervir neste aspecto sobre o urbanismo de Serra Talhada?
Eu não consigo entender como, a exemplo do Parque dos Ipês, a intervenção foi feita. Primeiramente, com pouco ou quase nenhum incentivo da prefeitura em fazer participar a população, e em segundo, sem se estudar a característica de várzea do local? Como não era óbvio destinar bacias de detenção no projeto? Quais tipos de profissionais estão envolvidos nisso? Bom, o que se sabe é que hoje, a oportunidade de transformar o Parque dos Ipês em uma infraestrutura verde (isto é, em uma infraestrutura adaptada à geografia local e de uso sustentável) foi transpassada pelo risco do alagamento a que uma zona de várzea está sujeita.
Apresento-vos um exemplar bastante simplificado de como o Parque dos Ipês (equipado com bacias de detenção) deveria ser aplicado se caso a funcionalidade estivesse em primeiro plano.
Reitero: o anexo abaixo é apenas uma amostra extremamente simplificada para estudo de caso, não deve ser encarado como um projeto.
Referencial: Praça de Benthemplein, Roterdã, Países Baixos.
12 comentários em Arquiteto diz que ST deve pensar menos em ‘embelezamento’