Assessoria vem levando Márcia ao precipícioPublicado às 06h25 deste domingo (16)

Por Paulo César Gomes, Professor, escritor e pesquisador serra-talhadense

A assessoria da prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado, tem cometido uma série de erros em série no quesito estratégia política, desde a negação de demissão, posteriormente confirmada, passado ainda por uma frustrada represália ao movimento dos professores da rede municipal. No final das contas, tiveram que aceitar parte da reivindicação do professores, além das infelizes ideias de manter os shows de Gustavo Lima e Wesley Safadão, mesmo diante da repercussão negativa em todo o Brasil. Gustavo Lima e o Safadão só foram barrados após a orientação do Ministério Público.

O fato é que a prefeita tem todos os requisitos para realizar umas das mais brilhantes e bem-sucedidas carreiras em se tratando de um político serra-talhadenses. No entanto, a sua equipe é bastante voluntariosa para o trabalho de marketing, mas frágil na estratégia e na compreensão de como se move a política. Se fossem mais atentos, já teriam alertada a prefeita de que ela não é candidata nessa eleição, ela não está concorrendo a nenhum cargo eletivo e por isso nessa campanha não deveria ter se exposto tanto. O mais prudente era poupar as energias para a eleição de 2024.

Essa fragilidade abre brecha para meia dúzia de oportunistas, carreiristas e ‘kamikazes’, alguns deles sedentos pela vaga de vice-prefeito em 2024 ou outros tipos benefícios ou manutenção de espaço. A bem da verdade, é preciso destacar que Márcia Conrado também conta com um número expressivos de bons secretários e gestores públicos na sua equipe, mas que infelizmente acabam sendo sucumbidos por ‘aves de mau agouro’ que só visam criar inimigos a cada minuto, como se todos estivessem contra a prefeita. Um trágico e apelativo jogo do ‘todos’ e ‘todas’ contra ela. Mas afinal, quem são os verdadeiros inimigos e inimigas da prefeita?

A principal vítima dessa política suicida acabou sendo indiretamente o ex-prefeito e agora deputado estadual eleito Luciano Duque. Enquanto prefeito Luciano era o ‘guru’ de vários obedientes e abnegados ‘representantes do povo’, mas agora, ele foi conduzido a condição de um duque, talvez, imaginem que o município seja uma monarquia. E diante desse cenário algumas perguntas indigestas precisam serem feitas: querem tornar Luciano um líder sem grupo? Não será que dessa forma irão transformar um duque em um futuro rei? O tempo certamente trará essas respostas e também dirá o quanto pesa os erros políticos cometidos em série no resultado de uma eleição municipal.

Segundo um pensamento popular, que muitos atribuem a Lênin: “às vezes na política, assim como na vida, muitas vezes é preciso dar um passo atrás, para logo em seguida dar dois à frente”. Traduzindo esse pensamento. Não teria sido mais estratégico para a prefeita Márcia Conrado ter condicionado o seu eventual apoio a Marília Arraes agora em 2022, a uma mera mensagem verbal, tendo como compromisso o apoio de Luciano Duque e Sebastião Oliveira, em 2024? Ela sairia na condição de candidata única, e mesmo que algum deles não viesse a apoiá-la na campanha de reeleição, ela teria a narrativa ao seu favor de que eles não foram infiéis ao acordo firmado anteriormente. Com uma única jogada de mestra ela mataria dois coelhos de uma só vez.

‘O grupo da prefeita’ já explicou o porquê do apoio a Raquel Lyra, porém, não se atentou ao detalhe de que essa não será a escolha de Serra Talhada e nem de Pernambuco. Raquel Lyra não representa a classe trabalhadora, os professores e tantos outros funcionários públicos e privados. Ela não faz parte do campo que dialoga com os movimentos populares. Raquel hoje é a alternativa encontrada pelo bolsonarismo para manter vivo no estado o discurso de Jair Bolsonaro. Não é demais lembrar o lado oportunista do bolsonarismo, coisa muito peculiar ao fascismo. Queiram ou não queiram os surdos, mas a democracia em Pernambuco e no Brasil estão representados por apenas duas vozes, e certamente essas vozes não atendem pelos nomes de Bolsonaro e de Raquel.