Coletor de recicláveis faz sucesso usando fantasias do lixo
Coletor de recicláveis faz sucesso usando fantasias encontradas no lixo — Foto: Reprodução

Do G1

Em São Mateus do Sul, no sul do Paraná, um coletor de recicláveis tem chamado a atenção ao trabalhar fantasiado com peças que encontra nas próprias lixeiras. Crianças da cidade chegam a esperar ansiosas a passagem do caminhão de lixo para ver qual será a fantasia do dia.

Bruno Borges tem 25 anos e conta que a iniciativa é “para todo mundo se alegrar”.

O sucesso não é restrito às crianças. Recentemente, um vídeo gravado por uma mulher viralizou nas redes sociais e aumentou ainda mais a fama do trabalhador.

As imagens foram filmadas de dentro de um carro que seguia atrás do caminhão de lixo. Bruno aparece trabalhando normalmente com uma saia longa de tule branco em cima do uniforme e uma peruca loira.

“Faço mais pra chamar atenção e para nós e todo mundo se alegrar, sabe? […] É uma maneira de se divertir, de se distrair. […] Não tem como você trabalhar desanimado, né?”, afirma o profissional.

Bruno trabalha com coleta de lixo desde os 18 anos e relata já ter usado adereços várias outras vezes antes do vídeo viralizar, mas que nunca tinha sido filmado por outras pessoas.

Segundo ele, colegas já tinham feito vídeos, que circulavam somente em os grupos internos e eram apagados na sequência.

“Geralmente [os adereços] ficam em pacotes separados no lixo. […] O que eu acho eu ponho, não tenho vergonha. […] Os colegas têm vergonha de usar, mas eu não esquento muito a cabeça”, afirma.

O coletor destaca que, depois de usados, os itens voltam para o destino inicial: as associações de catadores de recicláveis.

Coletor chama a atenção para separação de recicláveis

Bruno Borges afirma que só pega os adereços das caixas e sacolas que indicam o que há dentro.

Ele diz que, muito além de ajudar a encontrar as fantasias, a separação e indicação correta dos recicláveis têm um papel importante na segurança dos coletores de lixo.

“O povo põe muito palito de dente, desses que fura a mão, palito de espetinho, caco de vidro, que perfura. Têm uns que escrevem para o vidro: ‘Cuidado’. Mas é difícil, são poucos que estão fazendo isso. […] O dedo da mão corta, o braço, a perna. Você pega as sacolas e não sabe o que tem no fundo”, ressalta.

Bruno alerta também para a impaciência de motoristas no trânsito quando se deparam com o caminhão de lixo.

O coletor de recicláveis afirma que mais de uma vez escapou por pouco de ser atropelado ao ir e voltar para o caminhão: “Têm uns que não tão nem aí para nós”.