Comércio popular em ST vai de 'pai para filho'

Fotos: Celso Garcia/Farol de Notícias

Publicado às 13h42 desta sexta-feira

Quando o assunto é sapato, há gostos e públicos distintos, tanto em capitais quanto no interior. Há público para grifes renomadas, mas também há o público que recorre a um produto mais barato e ainda há quem pesquise os mais baratos, mesmo o comércio popular de calçados já oferecendo produtos de baixo custo, e ainda os que pedem um desconto, a famigerada pechincha. É nesse contexto de público variado que o Farol traz a resistência dos empreendedores serra-talhadenses do segmento de calçados.

Na manhã dessa quinta-feira (20), a reportagem do Farol visitou o comércio popular de calçados no Pátio da Feira e constatou que mesmo com as dificuldades dos últimos tempos, da concorrência com as grandes lojas do centro e do shopping, o comércio se mantém.

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Atualmente, há cerca de 7 vendedores de sapatos na feira, número superior à época da mudança da feira para a Lagoa Maria Timóteo. Desses 7 vendedores, 3 já comercializavam o produto desde a época da feira de rua, entre eles, José Dias de Oliveira, 57 anos, conhecido como Doda de Napoleão que está no ramo há 17 anos. Ele começou empreender aos 14 anos, a princípio vendendo roupas, com o tempo passou a vender alumínio até começar comercializar sapatos.

”Se você é um bom vendedor, tem sua mercadoria, não deixando faltar, tem sua freguesia, cada um com sua meta, as lojas têm suas metas e aqui dentro nós temos outras. Hoje ninguém é besta não, os fregueses vão procurar o produto mais barato e aqui temos. Não é um bonzão, mas é mais ou menos porque bom não é em canto nenhum, quem disser é mentira. Eu vendo mais calçados masculinos do que feminino e criança, por isso trabalho mais com produtos masculinos porque a venda é melhor. Tenho produto para a roça, bota rural, bota de rodeio, bota de água, bota de vaquejada, xô boi, mas também tenho outros produtos, foi para os pés a gente tem”, explicou Doda.

Em conversa com o Farol, Doda afirmou que as vendas de 2021 foram baixas. Quando estavam recebendo o auxílio de R$ 600, estava razoável, mas quando acabou, ficou difícil para os vendedores. Ainda continuam com dificuldades, ao ponto passarem de 2 a 3 dias sem vender nada. Para conseguirem, têm que baixar o preço porque baixando tem mais chances de atrair os clientes.

Alguns também facilitam a forma de pagamento recebendo pelo Pix ou cartão para não perderem vendas. Ainda conforme o vendedor, 2022 começou ruim, a expectativa era que com o período de volta as aulas o comércio melhorasse, mas até o momento nenhum cliente procurou sapato colegial na loja dele.

VENDEDOR MAIS NOVO

Antes da pandemia, Doda de Napoleão propôs ao filho, Caio Anderson Silva de Oliveira, 26 anos, vendedor de calçados há 3 anos, se mudar para Serra Talhada para empreender no segmento no Pátio da Feira. Caio morava em Petrolina e trabalhava em um supermercado para manter a família, esposa e filho. Ele aceitou o convite do pai e hoje trabalham juntos, Doda instruindo o filho que também já tem sua banca. Apesar das dificuldades ocasionadas pela pandemia, o jovem está gostando do ramo e pretende continuar seguindo os passos do pai.

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”Hoje, do jeito que o tempo está com muitas dificuldades, eu um rapaz novo, pai de família casado ganhando pouco e meu pai solteiro, morando sozinho me convidou para vir trabalhar e morar com ele. Eu disse: pai quer mesmo? Ele disse: quero! E vim e hoje estou aqui e nos damos muito bem graças a Deus. Estou gostando do ramo. Minha mãe me perguntou se eu queria voltar e eu disse: oxe, isso é conversa! Serra Talhada é melhor para mim”, afirmou o Caio Oliveira.