Do G1
A carreira do premiado cineasta Zelito Viana, sozinha, já seria tema para uma série de reportagens. Zelito é um dos fundadores da Mapa Filmes do Brasil, produtora responsável por filmes como “Terra em transe”, de Glauber Rocha, e “Cabra marcado para morrer”, do diretor Eduardo Coutinho.
O cineasta contou ao podcast “De onde vem o que eu como” detalhes sobre a produção de cacau biodinâmico. Ouça:
O cacau biodinâmico tem alta qualidade e não usa agrotóxicos.
“É trabalhar o solo, não no sentido de adubar para plantar cacau… e sim para melhorar o solo, vivificar. Você tem que enterrar o chifre da vaca com esterco durante seis meses, depois tira, dinamiza isso e pulveriza. Um produto é para as folhas e o outro produto é para o solo”, explica Zelito.
Outra prática da biodinâmica é usar sílica, que é triturada em um pilão de ferro. O pó, em pequenas quantidades, é diluído em água pura. Os frutos produzidos na fazenda têm alto padrão e atingem a classificação de fino ou gourmet.
A influência para começar a produção de alimentos orgânicos veio do filho de Zelito, o ator Marcos Palmeira.
“Nós fomos influenciados por ele, porque ele virou orgânico e botou isso na cabeça da gente. Ele já é orgânico há mais de 20 anos”, explica Zelito.
Valor afetivo do cacau
Em 1993, o ator Marcos Palmeira viveu o personagem João Pedro na novela Renascer.
João Pedro era filho de José Inocêncio, um poderoso produtor de cacau em Ilhéus, sul da Bahia.
Marcos Palmeira usou a fazenda da família dele para se preparar para a novela. A propriedade fica Itororó, também no sul do estado.
“Ele fez laboratório na nossa fazenda, pisou cacau. A vivência dele aqui na fazenda serviu muito. Agora mesmo no Pantanal está montando a cavalo, e faz isso muito bem. Ele passava todas as férias dele aqui na fazenda”, conta Zelito.
E foi esse valor afetivo com o cacau que não deixou a família desistir de plantar o fruto, mesmo com as perdas provocadas pela vassoura-de-bruxa. O fungo destruiu lavouras de cacau na Bahia nos anos 90.
“Se não fosse esse valor efetivo nós tínhamos parado com a produção alguns anos atrás. A gente tem um valor afetivo muito grande com relação ao cacau, tem prazer em colher um cacau de melhor qualidade. Tudo isso faz parte da cultura familiar há muitos anos. Não é apenas um negócio”, conta Zelito.
O podcast “De onde vem o que eu como” também conta a história de outros produtores de cacau que investiram na qualidade do fruto para a produção de chocolates finos.
Foto: Edison Vara/Agência PressPhoto