Correios prevê fechamento de mil agências e 15 mil demissões voluntárias
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Em meio a uma crise financeira bilionária, os Correios apresentaram um ambicioso plano de reestruturação para o período de 2025 a 2027, com a projeção de gerar uma economia anual de R$ 4,2 bilhões por meio de cortes de despesas. As informações foram detalhadas nesta segunda-feira (29) pelo presidente da estatal, Emmanoel Rondon, durante a divulgação oficial do plano.

De acordo com a apresentação, a maior parte da economia virá da otimização do quadro de pessoal e da revisão de benefícios, com impacto estimado em R$ 2,1 bilhões por ano. Para isso, os Correios pretende implementar um programa de demissão voluntária que pode alcançar até 15 mil funcionários, além de revisar cargos de média e alta remuneração e reavaliar os planos de saúde e previdência. Segundo a estatal, os efeitos financeiros dessas medidas começam a ser sentidos a partir de 2028.

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Outra frente importante do plano envolve a redução da estrutura física. Os Correios planejam encerrar cerca de mil unidades espalhadas pelo país, medida que deve gerar uma economia adicional de R$ 2,1 bilhões anuais.

Além da contenção de despesas, a estatal aposta no aumento de receitas. A estimativa é obter R$ 1,7 bilhão por ano com parcerias com o setor privado e arrecadar R$ 1,5 bilhão com a venda de imóveis. Somadas, todas as ações previstas podem gerar um impacto positivo de R$ 7,4 bilhões por ano no caixa da empresa.

Durante a coletiva, Rondon explicou ainda a estratégia de captação de recursos para reequilibrar as contas. Na última sexta-feira (26), os Correios firmaram um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a um grupo de cinco bancos. O plano total prevê a captação de até R$ 20 bilhões, restando ainda R$ 8 bilhões, que deverão ser obtidos em 2026.

Segundo o presidente, a definição entre um aporte do Tesouro Nacional ou uma nova rodada de empréstimos também ficará para 2026. Ele ressaltou que os recursos não serão utilizados apenas para cobrir déficits, mas também para investimentos estratégicos, como a execução do PDV e ações de modernização operacional.

O plano inclui ainda medidas como reconhecimento por desempenho para cargos de superintendência, automação dos centros de tratamento, modernização da infraestrutura logística, além da renovação e atualização da frota. Uma consultoria externa também será contratada para revisar o modelo organizacional e societário da empresa.

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Ao comentar o papel do setor privado, Rondon afirmou: “Não há olhar de privatização, mas de parcerias com setor privado”.

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Prejuízo bilionário pressiona mudanças

A necessidade de reestruturação é impulsionada pelo forte prejuízo acumulado pela estatal. Entre janeiro e setembro, os Correios registraram um rombo de R$ 6 bilhões, quase três vezes maior que o prejuízo de R$ 2,1 bilhões no mesmo período do ano passado. Apesar da queda nas receitas, as despesas continuam em alta, e críticos apontam lentidão das gestões anteriores na adoção de ajustes mais profundos.

Medidas anunciadas no início do ano, como a venda de imóveis, a abertura de um PDV e o lançamento de um marketplace em parceria com a Infracommerce, têm sido vistas como insuficientes para recolocar a empresa no azul. Um dos ativos colocados à venda foi um prédio em Salvador, com lance inicial de R$ 109 milhões e valor máximo estimado em R$ 145 milhões. Já o marketplace da estatal reúne um portfólio superior a 500 mil itens.

Em meio à crise, o comando dos Correios também mudou. Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) substituiu o advogado Fabiano Silva pelo economista Emmanoel Rondon, servidor de carreira do Banco do Brasil, que agora lidera a tentativa de reverter o cenário negativo da empresa postal.